5 de dezembro de 2011

SÁ CARNEIRO MORREU HÁ 31 ANOS

Recordemos o Estadista

1.Completam-se hoje 31 anos que morreu Francisco Sá Carneiro, com 46 anos, em Camarate, juntamente com os que com ele seguiam no pequeno bimotor, mas não vou aqui hoje escrever se tal se deveu a acidente ou a atentado, pois outros melhor opinarão sobre isso e a história julgará aqueles a quem competia investigar e não investigaram devidamente, bem como aqueles que deviam ter julgado e decidiram arquivar o processo judicial, por vergonhosa prescrição.

De notar que algo envergonhadamente o PSD hoje se referiu a isso, ressaltando a hipótese aventada por Passos Coelho de se voltar a criar no Parlamento uma nova Comissão. Entretanto, relembro que a 8ª Comissão Parlamentar concluiu que houve atentado, esperando que os atuais parlamentares tenham a coragem de retomar as investigações e formar uma 9ª Comissão. É que a verdade não prescreve e os portugueses têm o direito de saber quem, como e porquê matou o seu melhor primeiro-ministro do séc. XX e os que o acompanhavam, entre os quais Adelino Amaro da Costa, do CDS, então Ministro da defesa.

Portugal perdeu o seu último verdadeiro estadista, que tudo fez para que Portugal fosse um país democrático, justo e próspero.

2.Sá Carneiro nunca andou aos 'zigue-zagues'.Basta começar por ler o projecto de Lei de Imprensa que ele apresentou na Assembleia nacional fascista, bem como o de revisão Constitucional, em 1972, e ninguém deixará de concluir que ele sempre teve um objectivo: fazer de Portugal um país livre, democrático, justo e próspero! Por isso lutou depois afincadamente contra o Conselho da Revolução, pois em democracia não há 'conselhos revolucionários'! A verdade é que ele nunca foi hipócrita e sempre se afirmou social-democrata desde que, em entrevista de 1973 ao jornal "República', ao então jornalista Jaime Gama (hoje presidente da AR), assim se definiu. Na prática e nos seus discursos sempre se afirmou de centro-esquerda.

Convinha que os políticos de hoje leiam os seus textos e recomendaria especialmente o seu projecto de Constituição para Portugal, impresso em livro, intitulado “Uma Constituição para os anos oitenta” e se compararem com a nossa atual Constituição talvez aprendam alguma coisa.

Para aqueles que ainda se lembram da sua coerência e coragem, transcrevo de seguida a maior parte da sua declaração de renúncia, como deputado independente, à então Assembleia nacional, ainda por muitos ignorada:

3.Sá Carneiro sempre foi um homem de convicções, humanista, social-democrata, europeísta e corajoso, dizendo sempre que primeiro estava Portugal. Seria o homem ideal para motivar os portugueses a enfrentar a actual crise e os corruptos bem podiam tremer, pois ele há muito teria tomado medidas para os banir da política.

Claro que, como qualquer homem também tinha defeitos e um deles era a teimosia, mas as suas virtudes suplantavam em muito esses defeitos.

Desde a sua morte que a política portuguesa caminhou para se tornar um desastre, sem valores, sem ética e sem ideias nobres.

Jorge da Paz Rodrigues

Publicado em 4-12-2011 no blogue ‘JorgePaz’ do site www.sol.pt

Link: http://comunidade.sol.pt/blogs/jorgepaz/default.aspx

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