27 de maio de 2013


O objectivo da iniciativa é "medir a dimensão
económica da língua portuguesa no mundo"

A universidade parisiense Sorbonne Nouvelle organiza,
na terça e quarta-feira, duas jornadas de conferências sobre
"A língua portuguesa no mundo", para discutir, refletir e
debater questões socioculturais do ensino do português,
disse hoje à Lusa fonte da organização.
Segundo Isabelle Oliveira, diretora do departamento
de Línguas Estrangeiras Aplicadas, na Sorbonne Nouvelle,
e coordenadora do evento, pretende-se com estas conferências
"medir a dimensão económica da língua portuguesa no mundo".
"As autoridades francesas ainda não têm noção do impacto
da língua portuguesa no mundo", acrescentou.
Com a presença de vários atores e decisores da lusofonia,
este fórum tem como objetivo fazer um balanço da situação
da língua portuguesa no mundo e de suscitar o debate entre
os diferentes atores da cooperação linguística, política e económica.
"Demonstrar como o ensino da língua e da cultura portuguesas
podem reforçar o diálogo, em França, de trocas económicas e
culturais, e contribuir para a emergência de uma identidade mediterrânica",
disse Isabelle Oliveira.
O evento surge na sequência de uma campanha levada a cabo
pelo departamento de Línguas Estrangeiras e Aplicadas da
Sorbonne Nouvelle de sensibilização e de defesa das línguas minoritárias.
Pretende-se "valorizar e divulgar a língua portuguesa e
colocá-la no patamar que merece", acrescentou a diretora.
As "conferências da língua portuguesa no mundo" são organizadas
pela Sorbonne Nouvelle em parceria com a secretaria de
Estado das Comunidades Portuguesas e a delegação permanente
do Brasil na Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO).
De acordo com o programa da conferência, estarão presentes
a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, o ministro da
Economia português, Álvaro Santos Pereira, o secretário
de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, a
ssim como vários ministros brasileiros e angolanos e um
representante da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP).
*Este artigo foi escrito ao abrigo do
novo acordo ortográfico aplicado pela Agência Lusa

25 de maio de 2013

A CPLP ainda existe?

Brasil perdoa dívida a 12 países africanos

A presidência brasileira anunciou hoje 
a anulação de 900 milhões de dólares 

(700 milhões de euros) de dívidas 
de 12 países africanos, 
à margem das comemorações dos 50 anos da 
criação da Organização da Unidade Africana.
“Ter relações especiais com África 
é estratégico para a política externa brasileira”, 
disse à imprensa Thomas Traumann, 
porta-voz da presidente do Brasil, Dilma Russef.
Os países mais beneficiados com esta 
anulação de dívida serão 
a República do Congo (Brazzaville) 
e a Tanzânia, acrescentou o porta-voz.
Lusa/SOL


Estranho não aparecer à cabeça nenhum 
país africano de língua oficial portuguesa.
E o Brasil ainda faz parte?


JPR

O medo

 
http://www.youtube.com/embed/HfsJvg7NCj8 

21 de maio de 2013

Agostinho da Silva






Há muita gente que julga que a cultura é falar francês, dançar bem, 
ouvir música e ter visitado exposições de pintura. Isso talvez fosse a
cultura de outras épocas, mas hoje não. Hoje temos que tomar cultura 
no sentido geral, mais próximo e no mais concreto da vida. Cultura, 
no fundo, é a maneira de ser de cada um. Exatamente como todos
nascemos, com tais características, e o que acontece depois na vida é
que se vai destruindo muitas dessas características e como eu costumo 
dizer, quase todas as pessoas morrem sem nunca ter vivido... 
viveram uma vida emprestada, viveram a vida dos outros.

Assim como nós fisicamente, nos cinco bilhões de pessoas, 
não há dois iguais por fora, no feitio do nariz ou na cor dos olhos, 
da mesma maneira não há duas pessoas iguais por dentro. 
As pessoas todas são diferentes. De maneira que a vida certa (do universo) 
do mundo inteiro seria que cada um pudesse viver a sua vida e cada 
um dos outros pudesse ter esse espetáculo extraordinário de 
ver pessoas diferentes à sua volta e não como tantas vezes acontece, 
sobretudo em pessoas que gostam de mandar nos países, achar que
 deve ser tudo igual e quando aparece alguém diferente se ofendem, 
acham que está fugindo das regras, saindo da vida que deve ter.

Os meninos devem ser estimulados a desenhar ou a redigir aquilo 
por que têm interesse, contar a sua história, seja em imagens, no 
desenho ou pintura, seja redigindo em verso por exemplo. 
Escolas em que os meninos sejam incitados a fazer poesia e 
que descubram que afinal, os poetas não são seres extraordinários. 
Não. Eles foram apenas os que tiveram mais sorte que os outros. 
Encontraram circunstâncias na vida, na casa em que se criaram, 
nas escolas em que andaram, na vida material que tiveram que 
lhes permitiu conservarem-se poetas, ao passo que outros que 
também nasceram poetas... 
Porque não existem só poetas de verso. A idéia de que a pessoa 
tem de se dizer poeta porque faz verso, não é verdade. 
Poeta é aquele que cria na vida alguma coisa que na vida não existia. 
Não existia aquele poema, ele criou, pronto, é poeta. Mas pode ser 
uma música que ele compôs, um bailado por exemplo. 
Pode ser qualquer experiência de Química ou de Física
 que não se tenha feito. Qualquer avanço da Matemática,
por exemplo, que conseguem.
  
Em Portugal existe um painel no Museu das Janelas Verdes, 
uma pintura do sec. XV que representa o dia em que se celebrava 
o Espírito Santo no mês de maio. Era o dia em que o povo português 
dizia aquilo que queria. Sabem o que ele queria nesse dia? 
Que todas as crianças fossem de tal modo livres e desenvolvidas 
que pudessem dirigir o mundo pela sua inteligência, pela sua imaginação, 
não propriamente por saberem aritmética ou ortografia, 
mas por serem eles próprios, porque eram os pequenos, 
as crianças que deviam dar ao mundo e aos homens, 
o exemplo do que devia ser a vida.
E em segundo lugar eles diziam que a vida devia ser gratuita, 
que ninguém tinha que pagar para viver e que trabalhar para viver. 
Que tendo a vida sido dada de graça, era inteiramente absurdo,
passar o resto da vida a ganhá-la. E eles então achavam que a vida 
um dia há de ser de graça para toda a gente. E ainda uma coisa 
extremamente importante. Iam à cadeia da terra e abriam as 
portas para que os presos saíssem, para que ninguém mais passasse 
a vida amuralhado e encerrado entre grades; que viesse para a 
vida e na vida se retemperasse e na vida renascesse para ser 
aquilo que devia ser. Era uma anistia talvez. Um sinal auspicioso, 
de que um dia o crime desaparecerá do mundo. 
Texto adaptado da conferência Namorando o Amanhã, realizada 
em maio de 1989 na Cooperativa de Animação Cultural de Alhos Vedros - Portugal.

Agostinho da Silva, professor, escritor, poeta e filósofo. 
Construiu ao longo de sua vida uma obra revolucionária de 
luta pela educação e a cultura. Nasceu no Porto em 1906, 
cresceu em Barca d’Alva, fronteira com Espanha. 
Viveu 25 anos no Brasil - de 1944 a 1969 onde deixou muitos 
discípulos e amigos. Fez a passagem em Lisboa, 1994. 
Possui uma obra extensa em Educação e Cultura Portuguesa e Brasileira. 
No Brasil ajudou a criar quatro universidades: na Paraíba, Santa Catarina, 
Bahia e Brasília onde fundou o CBEP Centro Brasileiro de Estudos Portugueses,
 muito atuante até 1968 quando a UnB foi invadida. 
(Romulo Andrade)

20 de maio de 2013

FOLIA DA PAZ





Ontem, domingo, 19 de maio,
mais uma folia na casa do Calyandra
- generosa, democrática, libertária -
o Espírito Santo como língua de fogo
que desestabiliza a idolatria quando 
queima dogmas e certezas e 
alumeia pela co-inspiração fraterna versus a 
conspiração da mediocridade. 
O tumtum do coração   
renasce na pele do tambor. 
Incendeia, Martinha do Coco, 
Tamnoá, Casa da Vida do Paranoá, 
Mambembrincantes e 
almas acesas, presentes, 
no comando da criança coroada pelo poeta Jose Santiago Naud 
ao condão de Agostinho Silva.

16 de maio de 2013



Quinta Literária Internacional - ANE

Palestra do escritor e jornalista português
Sérgio Almeida

com o tema
A nova literatura portuguesa

A realizar-se no dia 16 de maio de 2013 (quinta-feira) às 20:00h

no auditório da ANE - SEPS EQS 707/907 Bloco F – Edifício Escritor Almeida Fischer
(ao lado do Instituto Cervantes) – Brasília – DF
 
Sobre o Sérgio Almeida: nasceu em Angola (Luanda) em 1975. Vive em Portugal, nos arredores do Porto, desde os 4 anos. Licenciado em Comunicação Social, é jornalista desde os 18 anos. Ligado, desde essa altura, à imprensa escrita, tem acumulado também experiências noutros meios, como a rádio e televisão. Paralelamente à sua atividade profissional, é promotor cultural, com a responsabilidade da organização de colóquios e simpósios sobre arte e literatura. ­É autor dos livros Análise Epistemológica da Treta (contos), Armai-vos uns aos outros (novelas), Como ficar louco e gostar disso (poemas), Obdejectos (prosa poética) e O elefante que não sabia voar (infanto-juvenil)

Saiba mais:
 
Onde comprar?:
 
 

13 de maio de 2013



Lingua - Vidas em Português (Victor Lopes, 2004, 
Brasil/Portugal)
"No fundo, não estás a viajar por lugares,
mas sim por pessoas"
Mia Couto - Escritor moçambicano
"Não há uma língua portuguesa, há línguas em português"
José Saramago - Escritor português


O documentário "Língua - Vidas em Português",
de Victor Lopes, é uma viagem através da 
língua portuguesa em uma tentativa de percorrer 
as várias histórias e culturas que ela abrange. 
Filmado em 6 países (Brasil, Moçambique, Índia, 
Portugal, França e Japão), o documentário trata 
a lusofonia sobretudo na fala de personagens 
diversos de 4 continentes. A questão que permeia 
o documentário é descobrir o que faz com que esta 
língua que tantos falamos seja chamada assim, 
"português", uma só. 

"Todo dia duzentas milhões de pessoas levam 
suas vidas em português. Fazem negócios e 
escrevem poemas. Brigam no trânsito, contam 
piadas e declaram amor. Todo dia a língua portuguesa 
renasce em bocas brasileiras, moçambicanas, 
goesas, angolanas, japonesas, cabo-verdianas, 
portuguesas, guineenses. Novas línguas mestiças, 
temperadas por melodias de todos os continentes, 
habitadas por deuses muito mais antigos e que ela 
acolhe como filhos. Língua da qual povos colonizados 
se apropriaram e que devolvem agora, reinventada. 
Língua que novos e velhos imigrantes levam consigo 
para dizer certas coisas que nas outras não cabe."

O documentário está disponível para download no site 




Esta Gente
Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia"

EFEMÉRIDES



Salazar e os governos actuais
No final dos anos 30 Salazar mandou afixar nas escolas primárias uma série de
cartazes de propaganda do então chamado Estado Novo, um dos quais ( que a seguir
recordamos de memória com possívais erros nas palavras mas não no conteúdo)
parecia particularmente inútil e deslocado:
“Ninguém ama mais Portugal do que os portugueses.”
Quem, então, senão os portugueses, poderia amar mais Portugal ?
Foi preciso esperar mais de 70 anos para encontrar com o governo de Passos
Coelho alguma razão para a advertência da Salazar.
Com efeito, este governo não só privatizou a grande maioria do capital da EDP, como
considerou conveniente, em Março, vender os 4,1 % que restavam ao Estado português.
Isto significa que desistiu, não unicamente do direito de acesso à sede da EDP em
Lisboa mas, também, do direito de estar presente e emitir a sua opinião nas assembleias
de accionistas em que se definir a estratégia do grupo para a exploração e distribuição
da energia eléctrica em Portugal.
O Governo de Passos Coelho entendeu que, sem a sua presença, outros defenderiam
melhor os interesses do país. É acreditar que outros amam mais Portugal.
Salazar, com a sua visão centralizadora, conservadora e retrógrada, inferiorizou e
empobreceu a população do país mas, também, há que reconhece-lo, tentou, embora
nalguns casos de um modo dramaticamente errado, valorizar o aparelho do Estado
português procurando, quando o pode, assegurar a sua independência.
Ele acreditava, no fundo, num Portugal conservador, com uma população pobre,
humilde, submissa e hierarquizada, mas independente. A expressão mais representativa
do seu tempo era a frase: “Manda quem pode, obedece quem deve”. Ele foi, sem
dúvida, um homem coerente e, à sua maneira, um patriota. Esmagou o Povo Português
mas para, na sua visão, defender e valorizar o Estado Português .
O que mais nos custa agora compreender é a política de um governo que parece,
simultaneamente, empenhado em desmantelar o aparelho do Estado Português e em
esmagar o Povo Português.
A corrupção
E não se venha agora dizer que no tempo de Salazar não havia corrupção. A
diferença está em que era muito hierarquizada e, agora, democratizou-se.
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Pag. 10 “Jornal República”
Antigamente, um indivíduo que roubasse galinhas era um pilha galinhas. As carteiras,
roubavam-se. Os caixas dos bancos e os pequenos gestores faziam desfalques e os
grandes gestores desvios. Em certa altura, a então Assembleia Nacional, pronunciouse
sobre alcances sobre os fundos do Estado. A palavra até era bonita.
Agora, como o país é mais rico, rouba-se mais. Mas, o mais grave é, talvez, terem
surgido indivíduos com salários legais gigantescos, várias vezes superiores ao do
Presidente da República portuguesa (e mesmo dos Estados Unidos).
E, o que nos parece espantoso é, agora, o Ministro das Finanças aparecer na televisão
a considerar normal que sejam pagas comissões pelos empréstimos negociados por
gestores de empresas públicas. E, depois, admiram-se por eles procurem negociar
mais emprétimos, em vez de procurarem gerir bem as empresasa que não são deles.
Um Papa Sul Americano
O “Jornal República” sentiu que sem dedicar neste número algumas linhas à
evolução da Igreja Católica e, em particular, à eleição do primeiro Papa sul americano,
estaria fechar os olhos para o futuro.
A Igreja Católica é uma instituição de origem eminentemente europeia, altamente
centralizada em Roma, com dois mil anos, que sobreviveu como entidade unificadora
depois da queda do Império Romano do Ocidente.
Esta nota podia ser incluidas na secção “Refundação” que se segue, porque a
evolução da Igreja Católica nas últimas décadas foi, sem dúvida, um notável exemplo
de refundação, ou, pelo menos, de renovamento, que surpreendeu mesmo os que a
olhavam de longe.
Mas pensamos que não há verdadeiras refundações sem referência a raizes antigas.
Por isso, incluimos estas breves linhas nesta secção de “Efemérides” e, dispensando-nos
de repetir o que escreveram os jornais de todo o Mundo sobre a eleição do Papa
Francisco, vamos dizer algo que talvez muito poucos tenham referido.
A eleição no início do Século XXI do primeiro Papa sul americano resulta de uma
opção estratégica tomada há 500 anos pelo Rei Dom João III de Portugal. Na primeira
metade do século XVI Portugal esteve empenhado em manter um domínio marítimo e
procurou cristianizar o Oriente. Mas, em meados do século, já tinha verificado que os
seus recursos eram insuficientes para a tarefa e que na Ásia havia religiões muito
estruturadas capazes, por exemplo, na corte do Imperador Mogal, de dialogar com os
padres jesuitas, mas que não era fácil substituir. Mesmo na Etiópia cristâ os jesuitas
tinham sido expulsos pela reacção do clero local.
Na Europa, as lutas religiosas estavam no urge e a influência do Papa de Roma
tinha sido reduzida a meio continente. O Norte de África o domínio era muçulmano.
Mas no Brasil, que pouco mais era do que uma escala de passagem para a Índia, havia
muito espaço e uma população que acolhia bem a chegada de uma nova religião.
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“Jornal República” Pag, 11
Dom João III transferiu então para lá o grande empenhamento religioso português no
Oriente. Os Reis de Espanha fizeram depois o mesmo e, hoje, metade dos católicos
estão na América Latina.
Tempos mais recentes
Mas, sem recordar tempos tão antigos, saudemos a evolução recente da Igreja
Católica e, em particular, a sua mensagem de Paz e diálogo com as outras religiões. Mas
nem sempre foi assim. Lembremos que nos “Lusiadas” os muçulmanos são aqueles
“que seguem do arábico a lei maldita” e que a grande glória dos portugueses foi terem
andado “desvastado as terras viciosas da Ásia e da África”.
O salazarismo usou esta ideologia até muito tarde, mas não foi ele que a fundou. O
nosso isolamento em relação ao resto do mundo não era só religioso era, sobretudo
cultural e mesmo histórico. Para os homens da geração dos directores deste jornal, na
altura de fazerem a tropa, o Norte de África só era civilizado porque nele estavam os
franceses e o ingleses que tinham tido o mérito de expulsar os italianos e os alemãis.
Hoje, há escolas islâmicas e mesquitas e centros de outras religiões em Lisboa, e
vemos com agrado igrejas católicas dar apoio ao culto ortodoxo. Mas, há não muito
tempo não era assim. Em 1950, um padre ortodoxo que veio a Lisboa pedir fundos
para igrejas na Turquia fui denunciado à pide que o meteu no Aljube até o expulsar.
Mas como ele era um homem muito grande, para o meter nos “curros”, tinham sido
precisos quatro guardas. Foi um acontecimento que eles ainda contavam anos depois.
Nós viviamos no interior de um “Mundo Português” e só espreitavamos um bocado
para fora pelos olhos dos franceses, ingleses, americanos, ou russos, que alguns
olhavam como modelos e mentores. Mas sentiamos ter alguns méritos.
Orgulhavamo-nos do elogio que Victor Hugo nos tinha feito por termos sido o
primeiro país da Europa a suprimir a pena de morte. Nos nossos documentos de
identidade não havia referência e, salvo em inquéritos estatísticas, nenhum cidadão
português podia ser interrogado sobre a sua raça, ou religião. As praias portuguesas
eram todas públicas. São valores ainda hoje válidos para a Europa.
Nós e a Etiópia
Há talvez duas décadas, dois futebolistas da selecção nacional da Etiópia, então
uma ditadura, fugiram durante um jogo internacional e procuraram asilo político no
estrangeiro. A FIFA interessou-se pelo caso e perguntou a vários paises, entre eles a
Portugal, se os podiam acolher. Mas, um burocrata sem sensibilidade e sem cultura,
nem sequer futebolística, deu um parecer negativo que o Ministério dos Negócios
Estrangeiros depois fez seguir.
Se o parecer tivesse sido outro, estes dois etiúpes estariam provavelmente integrados
na vida portuguesa e poderiam explicar na língua materna ao Sr. Seilaseé, personagem
central da Troika , o que é que significa a expressão “Que se lixe a troika” e porque é
que ela se revelou tão mobilizadora da população portuguesa .
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Pag,12 “Jornal República”
O “JR” falou no seu 3º número às nossas relações com a Troika e voltaremos ainda a
faze-lo neste número. Queremos, no entanto, dizer aqui que nada nos move contra o Sr.
Seilaseé. Pelo contrário, informações que nos chegaram dizem que ele é uma pessoa
simpática que gosta de comer em pequenos restaurantes e tascas de Lisboa.
Não temos nenhuma intenção de o ir ouvir numa conferência oficial mas, para a
hipótese de um qualquer encontro ocasional com ele, guardamos em carteira duas
perguntas jornalísticas para lhe fazer: São elas:
1ª- Se na Etiópia há produção de vinho e se gosta do vinho tinto português. (Sendo
manifestamente dificil exportar vinho para paises muçulmanos, a pergunta tem
manifesto interesse para o Comércio Externo português. )
2ª – Sendo a Etiópia um pais cristão, é natural que na sua estrutura administrativa
tenha algo que se assemelhe às nossas freguesias. A pergunta ao Sr. Seilaseé é se ele,
para promover o desenvolvimento do seu país, preconiza a redução do número destas
freguesias ou orgãos semelhantes.
A CATÁSTROFE NO BENGLA DESH
Em 24 de Abril ruiu no Bengla Desh uma fábrica causando a morte de 500 dos
seus trabalhadores que nela trabalhavam amontuados 12 horas por dia. Não foi
uma catástrofe natural, mas uma catástrofe no mundo do Trabalho no espaço da
Economia global onde há liberdade de circulação de mercadorias e capitais do
nosso planeta. Mas, tudo se passa como se os operários do Bengla Desh fossem de
outro planeta. A eles ainda não chegou a solidariedade efectiva dos trabalhadores
do mundo em que os sindicatos conseguiram fazer reconhecer há 140 anos, e
depois de muitas lutas, o direito às 8 horas de trabalho diário. E, no entanto, estes
mesmo trabalhadores estão a ser vítimas do que se passa no Bengla Desh porque,
nos seus paises, se argumenta com a necessidade de aumentar os horários de
trabalho para se poder competir .... com o Bengla Desh e outros paises onde não
são respeitados os direitos dos trabalhadores.
Os grandes progressos da Humanidade foram sempre progressos morais.
No seu discurso, sempre optimista, na festa do seu 103º aniversário (referida no
1º número do “Jornal República”) o Dr. Emídio Gerreiro disse que o Século XXI
seria o século da Solidariedade. A tragédia do Bengla Desh mostra, claramente,
que a alternativa é a ganância. O confronto vai ser longo e vai depender das
instituições que mais nele se empenharem. O “JR” atrasou o seu 4º número
impresso para nele incluir este texto e reescrever alguns outros. Quando pensamos
em quais serão as instituições mais capazes de sentir que a solidariedade tem de ser
global no Mundo, pensamos que poderão ser os sindicatos e as Igrejas, instituições
que várias vezes se defrontaram em periodos recentes..
(Ver nota no final da página 16)
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“Jornal República” Pag, 13

7 de maio de 2013

Hino da Sociedade Lusófona

Lusofonia 15 Lusofonia [Version Douce] [-] World Maria_Teresa.wmaLusofonia 15 Lusofonia [Version Douce] [-] World Maria_Teresa.wma
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6 de maio de 2013


Presenças incontestes de Agostinho da Silva e José Aparecido de Oliveira na CPLP
(Profª Drª Lúcia Helena Alves de Sá, Presidente da Casa Agostinho da Silva)

Na Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona, a CASA AGOSTINHO DA SILVA
crê importante, por todas as razões históricas, fazer uma saudação ao “avó” 
e ao “pai” da CPLP, em respetivo: Agostinho da Silva e José Aparecido de Oliveira.
Será sempre inevitável recorrer a estas duas personalidades evidentemente lusófonas,
no sentido mesmo desta palavra significar o que tinham a ela determinado: 
fraternidade ecumênica que contribua para a maior humanização do resto do mundo.
É mister afirmar que foram eles, em suas áreas de atuações de expressão muito 
humanista, que avivaram relações diplomáticas, sobretudo, as estabelecidas entre os 
povos africanos, as que resultam de afinidades entre nós e, afirmaram, como 
consideravam indispensável e da maior relevância, o fortalecimento 
da CPLP — uma organização internacional única, concebida na 
unidade linguística e, por extensão, nas interinfluências culturais.
Enquanto Agostinho da Silva foi, como bem faz lembrar o 
Embaixador Jerónimo Moscardo, “quem traçou todo o programa da 
nossa política para África e Ásia” desde a fundação do CEAO, 
na Ufa dos anos de 1950, e durante o curto período do governo do 
Presidente Jânio Quadros; Aparecido, sob inspiração agostiniana, 
foi o grande obreiro da constituição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa,
pois a ele se deve, quando Ministro da Cultura do Governo Sarney, 
a organização de Encontro de Chefes de Estado de todos os países 
de língua portuguesa (ainda sem Timor) no qual foi aprovado, 
em São Luís do Maranhão, em 1989, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)
 que antecedeu a CPLP. José Aparecido foi o grande institucionalizador, em 1996, 
da CPLP quando era Embaixador em Lisboa e o Mário Soares era Presidente da República.
Portanto, façamos valer no Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona a convicção
 do professor Agostinho da Silva e do ex-Embaixador José Aparecido de Oliveira de 
que o Brasil, após a consciência e o reconhecimento de suas raízes africanas, seria 
o motor da afirmação do mundo de língua portuguesa, sobretudo, em uma nova 
reconstrução civilizacional.
O ideal de Agostinho e de José Aparecido em grande parte foi concretizado, mas, 
ainda precisa tratar do passaporte lusófono que ajustará e reforçará a CPLP como 
bloco econômico, dando muito maior circulação de pessoas e bens, em benefício 
dos seus povos e de sua afirmação no contexto internacional no qual se 
assentarão cooperações significativas a barrar políticas-financeiras perversas.
Para além de todas as idealizações que Agostinho e Aparecido nos legaram, 
devemos mesmo é colocá-las em ação. O Mundo da Língua Portuguesa e 
Cultura Lusófona faz-se por meio de “pensamento e ação”. 
Nisto está o essencial da força de nossa destinação. 
Urge cumprí-la à maneira da “alma oceânica” agostiniana e nos 
dispormos a “lançar estacas na lua” como fez a sábia inteligência 
amorosa de José Aparecido de Oliveira.

               A Língua Portuguesa no mundo

                     Neste dia 5 de maio, o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona
A Língua Portuguesa, ao longo de sua história, é já uma grande 
Língua de comunicação internacional 
e de difusão transcultural do conhecimento, 
como uma das pioneiras do conceito de globalização.

5 de maio de 2013


Palestra da Profª Drª Lucia Helena Sá (começa em torno dos 23:30 min do video) e do Profº Drº Loryel Rocha (em seguida, aos 45:30 min). Representantes, em respetivo, da Casa Agostinho da Silva e do Instituto Mukharajj Brasilan, no 1º Congresso Internacional da Cidadania Lusófona (3 e 4 de abril, em Lisboa).
Os textos lidos logo estarão disponíveis no site do Instituto Mukharajj e da Casa Agostinho da Silva.  
YouTube - Vídeos desse e-mail

2 de maio de 2013

Avaliação sobre o 1º de maio

O 1º de MAIO pensado para o FUTURO 1. Hoje é o dia 1º de Maio – consagrado como “O Dia do Trabalhador”. Para além da festa, da confraternização e do anúncio da continuação das “lutas dos trabalhadores”, é também data de comemoração e, por isso, convém lembrar que esteve na sua origem a chamada “Jornada dos Mártires de Chicago”, de 1/5/1886, que foi uma luta pelas 8 horas de trabalho diário, ou 48 horas semanais, que levou a uma tremenda repressão sobre os trabalhadores americanos que a desencadearam naquela cidade, com enforcamento público dos seus líderes. Outros depois se apoderaram da data, mas manda a verdade dizer que o 1º de Maio e tudo quanto representa se deve aos trabalhadores americanos. 2. Na verdade, diga-se que, tal luta permanece actual, pois muitos trabalhadores continuam a laborar mais de 8 horas por dia ou são obrigados a fazer horas extraordinárias sem a devida retribuição – basta ir a um centro comercial e ver -, para além de outras formas de exploração, a que urge por cobro. Porém, o problema maior é o desemprego, que a crise só tem aumentado. 3. Recuando no tempo, lembremo-nos como o trabalho tem sido sofrimento e pena, desde a antiguidade, bastando lembrarmo-nos dessa iniquidade que foi a escravatura, em que homens compravam ou vendiam outros homens, como se mercadorias ou coisas fossem, o que ainda hoje existe em vários países, sendo praticado por quem não tem escrúpulo algum. Muito há ainda a fazer para esclarecer, reprimir e educar a Humanidade nos valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade. As Centrais sindicais estão desatentas porquê? 4. Foi em 1835, com Mouzinho da Silveira, um dos poucos governantes portugueses merecedor do epíteto de reformador, que foi reconhecido o direito de associação e daí o nascimento das primeiras associações de trabalhadores portugueses, não ainda sindicatos, mais como defesa na doença e na assistência, sendo já no princípio do século XX, com D. Carlos I, que os sindicatos foram reconhecidos, mas, pouco depois, com a I República, perante greves por tudo e por nada, surgiu uma repressão feroz, nisso se notabilizando Afonso Costa, o político que mais vezes foi PM na I República, ficando com o epíteto de “racha sindicalistas”. 5. Sintetizando: árdua, longa, dura e difícil tem sido a luta dos trabalhadores pela sua libertação de todas as formas de opressão, exploração e alienação e para que lhe seja reconhecido o seu papel indispensável num país mais livre, mais justo e mais solidário, onde a cada um seja reconhecido o mérito que lhe é devido e reconhecida a sua dignidade como ser humano com direito a ser feliz. 6. Ora, boa parte das organizações sindicais limita-se, em cada 1º de Maio, a gritar contra os patrões e o Governo, clamando pela contratação colectiva e especialmente por mais emprego e melhores salários. Embora tal seja importante, está longe do que um sindicalismo moderno exige. Com efeito, se os direitos ao trabalho e ao salário são fundamentais, não menos importantes são os direitos à vida, à educação e à saúde, mas, infelizmente, boa parte dos sindicatos pouca atenção dispensa ao ambiente, à formação profissional, à segurança e higiene no trabalho em muitos locais e à própria realização do trabalhador como Homem. 7. Urge mais e melhor fiscalização das condições de trabalho, especialmente quanto à saúde, higiene e segurança, sem esquecer as indispensáveis medidas de prevenção, no que respeita a acidentes de trabalho e a doenças profissionais, e sem nunca olvidar a vergonhosa exploração do trabalho infantil e o chamado assédio no trabalho, que não é apenas o sexual, englobando também o “terrorismo psicológico” (reprimenda, desprezo, isolamento, desocupação, desqualificação, etc), pois viola a dignidade de cada trabalhador. 8. Num mundo cada vez mais globalizado, mas só em termos financeiros, onde o lucro e a ganância são “deuses”, convém também lembrar a todos, a começar pelo Governo, que o aumento da produtividade e da competitividade exigem soluções corajosas e rápidas, mas em concertação social. 9. Começaria pelas reformas do sistema fiscal, com incentivos ao investimento, únicos verdadeiramente suscetíveis de criar emprego, da formação profissional, dispersa e descoordenada e num melhor sistema educativo-profissional integrado, com novas escolas técnico-profissionais até o nível universitário, não só para os jovens à procura do 1º emprego, como para os trabalhadores em geral, a começar pelos desempregados, e até para os empresários, pois ninguém nasce empresário, também é preciso aprender a investir e a gerir e aqui vale também a tradição: um empresário deveria começar por ser “aprendiz” de empresário. 10. Afigura-se-me que este novo ensino técnico poderia resultar de parcerias entre o Estado, os Municípios e as Associações Sindicais e Empresariais, sem prejuízo de outros contributos e de se adaptarem outras experiências de sucesso, mormente na Europa (exº: Irlanda e Finlândia). 11. Mas se quisermos ir mais fundo, isto é, à causa de tantos conflitos, teremos de abordar a estrutura empresarial que temos, pelo menos aquelas empresas a partir de 10 trabalhadores, nelas não abrangendo as chamadas microempresas ou de tipo familiar. O que se passa, desde há quase 200 anos, é que os detentores do capital, vulgo patrões, por terem investido e arriscado as suas economias num empreendimento, o que por si é louvável, raramente encaram a função social de qualquer empresa e os que vão para eles laborar fazem-no sob as suas ordens e direcção, de forma inteiramente subordinada, como é caracterizado essencialmente o designado contrato de trabalho. 12. Na verdade, não é bem assim, pois quem vende a força do seu trabalho ou do seu intelecto também arrisca uma carreira profissional e investe parte da sua vida numa empresa e muitas vezes tem de tomar decisões, quando investido em cargos de chefia. Por isso, é altura de pensar na reforma das sociedades empresariais existentes, promovendo outras, que designaria por empresas mistas, de capital e de trabalho, aproveitando o que de bom já existe, nas empresas de tipo cooperativo, teorizadas por António Sérgio, e nas experiências co-gestionárias ou mesmo auto-gestionárias, pugnando por uma nova forma de empresa, onde cada um fosse tido por colaborador interessado e tivesse direito a participar proporcionalmente no desenvolvimento da sua empresa, pelo menos com voto nas grandes decisões. 13. Penso que é desejável superar o conflito permanente entre o capital e o trabalho e mesmo a chamada trégua nesse conflito, traduzida na contratação colectiva, o que, a meu ver, será possível se for assumido que o “capital” humano é mais importante que o capital monetário e que, em concertação, podem cooperar num novo tipo de empresa, sem prejuízo de cada um ser retribuído pelo seu mérito e por aquilo que investiu na empresa e até as grandes multinacionais não desdenhariam ver tanto os seus accionistas como os seus trabalhadores empenhados na melhoria das suas empresas e nos seus proveitos, mas, para isso, teriam todos de ter voz ativa e de colaborar, naturalmente de forma livre, como parceiros. Não vou, por ora, mais longe, deixo apenas aqui esta minha reflexão. 14. Por enquanto, existem muitas “algemas” a quebrar, umas mais visíveis, outras mais sofisticadas, neste mundo onde ainda reina a exploração da mão-de-obra barata. Incumbe aos homens livres, justos e de bons costumes pugnar pelo fim do atual sistema e de pensar numa nova empresa, mais amiga do ambiente e da qualidade de vida, como uma comunidade de pessoas, onde cada um se realize e se sinta mais satisfeito e creio que todos me acompanharão se concluir que ainda existe muito a pensar e a fazer para o desenvolvimento socioeconómico e para o progresso da Humanidade. É tempo de (re)começarmos. Jorge da Paz Rodrigues 1 de Maio de 2013

1 de maio de 2013


17.000 assinaturas polo português na Galiza

-          A Comissão Promotora da Iniciativa Legislativa Popular “Paz-Andrade” para promover a língua portuguesa e os vínculos com a Lusofonia entrega hoje no Parlamento 17.000 assinaturas para que a Proposta de Lei continue a sua tramitação

Santiago de Compostela, 8 de março de 2013. Na tarde de hoje, seis meses depois de ser apresentada ante o Parlamento da Galiza, a Comissão Promotora da Proposta de Lei por Iniciativa Legislativa Popular que leva o sobrenome do homenageado do Dia das Letras Galegas do passado ano, Valentim Paz-Andrade, formaliza a entrega das 17.000 assinaturas que asseguram a continuação da sua tramitação parlamentar. A iniciativa procura uma série de medidas que facilitem o acesso dos galegos ao universo de língua portuguesa e um maior relacionamento com a Lusofonia.
 Entre as propostas do articulado, figuram a progressiva incorporação do português no ensino, o fomento da participação das instituições e empresas galegas nos foros económicos, culturais e desportivos lusófonos, a recepção aberta das televisões e rádios portuguesas e o reconhecimento desta competência linguística para o aceso à função pública.
 Os promotores explicam na exposição de motivos da proposta que “a nossa língua outorga uma valiosa vantagem competitiva à cidadania galega em todas as vertentes, nomeadamente a económica, desde que disponhamos dos elementos formativos e comunicativos para nos desenvolver com naturalidade no seu modelo internacional”. Alcançado o objetivo de superar a 15.000 assinaturas requeridas, a Comissão Promotora destaca a sensibilidade das galegas e dos galegos para a proximidade ou unidade (em função da perspectiva) da língua falada na Galiza e as restantes falas lusófonas, permitindo a consecução dos apoios necessários.
 Apresentada no Parlamento em 16 de maio de 2012, a proposta une-se ao espírito da comemoração de Valentim Paz-Andrade, que, para além ser um dos principais impulsores da moderna indústria pesqueira galega, foi também vice-presidente da Comissão Galega do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que possibilitou a participação da Galiza nas reuniões para o acordo ortográfico da língua portuguesa que decorreram no Rio de Janeiro (1986) e Lisboa (1990). A presença galega nesse acordo ficou registrada no tratado internacional resultante, com uma menção à delegação de observadores da Galiza no primeiro parágrafo e a inclusão das palavras “brêtema” e “lóstrego” na descrição das normas acordadas.
 Em seu artigo “A evolución trans-continental da lingua galaico-portuguesa” de 1968, Paz-Andrade questionava e respondia afirmativamente à pergunta “¿O galego ha de seguir mantendo unha liña autónoma na sua evolución como idioma, ou ha de pender a mais estreita similaridade co-a lingua falada, e sobre todo escrita, de Portugal e-o Brasil?”. Consciente do potencial “transcontinental” da nossa língua não só para a sua consolidação como também para favorecer a potencialidade económica da Galiza, qualificou-a “de una lengua con la cual pueden entenderse millones y millones de personas, aunque lo hablen con distinto acento o escriban de forma diferente cierto número de vocablos” (em Galicia como tarea, 1959). Para a Comissão Promotora da ILP, “esse potencial global é ainda mais evidente e relevante no momento atual, onde a crise económica em que está a Galiza contrasta com o auge de novas potências como o Brasil na América, Angola na África ou a China, com o enclave de Macau, na Ásia”.