29 de setembro de 2012

PRIMAVERA IV



Foto de Fábio Borges

Quando chega a primavera
Com seus jardins encantados
Exalando seu perfume
Num ambiente sagrado.

Pela manhã nossos pássaros
Demonstrando seu valor
Formam uma sinfonia
Cantando um hino ao amor.

Primavera é a estação
Muito bela e colorida
Estação que nos da paz
Estação que nos da vida.
(Vivaldo Terres)
 



26 de setembro de 2012

A ciência em Portugal



Nos últimos anos da monarquia, Portugal apresentava ao mundo sérias lacunas no domínio da educação. Com efeito, o país era listado nesta área como um dos mais atrasados da Europa. Foi essa situação que a Primeira República procurou mudar com a introdução de uma educação pública e universal. Para os republicanos, o valor da ciência e do desenvolvimento científico era central para o Estado, algo que decorria da importância da filosofia positivista para o ideário republicano. Contudo, as dificuldades financeiras, a bancarrota de 1911, a instabilidade governativa, criada pelo “Rotativismo democrático” e a Primeira Grande Guerra, impediram o prosseguimento desse desígnio. Nos anos que antecederam o Estado Novo, a situação da Ciência e da Investigação Científica era pouco diferente do fim da monarquia. A situação não se alterou de forma significativa com o Estado Novo. Em 1930, o analfabetismo era de 60% entre os maiores de 7 anos. Cinquenta anos depois, já no ocaso do regime, o valor descera para 26% em um ganho notável, mas, ainda, deixava o país atrás da maioria em qualquer comparação internacional.

Algumas considerações sobre a cplp


Aproxima-se a realização do I Forum da Sociedade Civil da CPLP nos últimos dias de Setembro, no Palácio do Planalto, em Brasília. Oportunidade para avaliar qual o grau de envolvimento de representantes da sociedade civil dos vários países membros na vivência dos problemas que interessam ser partilhados tanto nos diagnósticos como nas soluções.

Parece consensual que os governos, propriamente ditos, e seus organismos oficiais já atingiram um nível razoável de cooperação, tendo em vista algumas tomadas de posição comum de caráter político e a regularidade das reuniões técnicas que juntam Ministros das mais variadas áreas de intervenção na vida nacional, com alguns resultados interessantes. Mas é, também, consensual que a CPLP  não é uma realidade nas conversas dos cidadãos portugueses, brasileiros, africanos ou timorenses a não ser numa muito esmagadora minoria e, mesmo assim, se algum motivo circunstancial do conhecimento público justifique a atenção por poucos minutos que sejam, porém sempre com distanciamento, sem ainda os considerar como seus, no sentido de consciência comunitária.




Assenso da fé:O português como língua oficial nos quatro continentes



No Sermão de Santo Antônio, também conhecido como “Sermão de Santo Antônio aos peixes”, pregado na cidade de São Luís do Maranhão, no ano de 1654, o Padre Vieira escreve uma alegoria — um tipo de metáfora — por meio da qual compara uma realidade de caráter abstrato com uma expressão concreta, visível, a fim de atingir uma percepção plástica do objeto, uma personificação daquilo que não é pessoa. Neste Sermão, Vieira louva que “ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam.”2  — eis uma das alegorias, se não a principal, do Sermão citado.

Em continuação diz Vieira: 

Oh grande louvor verdadeiramente para os peixes, e grande afronta e confusão para os homens! Os homens perseguindo a António3, querendo-o lançar da terra, e ainda do mundo, se pudessem, porque lhes repreendia seus vícios, porque lhes não queria falar à vontade, e condescender com seus erros, e no mesmo tempo os peixes em inumerável concurso acudindo à sua voz, atentos, e suspensos às suas palavras, escutando com silêncio, e com sinais de admiração e assenso (como se tivessem entendimento) o que não entendiam. Quem olhasse neste passo para o mar e para a terra, e visse na terra os homens tão furiosos e obstinados, e no mar os peixes tão quietos e tão devotos, que havia de dizer? Poderia cuidar que os peixes irracionais se tinham convertido em homens, e os homens não em peixes, mas em feras. Aos homens deu Deus uso de razão, e não aos peixes; mas neste caso os homens tinham a razão sem o uso, e os peixes o uso sem razão.
pg.: 32
leia direto na revista online identidades:

25 de setembro de 2012

CPLP: o futuro constrói-se hoje


A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é um tema demasiado sério e complexo para ser abordado de forma leviana e oportunista, como, infelizmente, se viu ao longo da dezena e meia de anos da sua existência... Julgo que se não fossem alguns “carolas” e idealistas que teimam, persistem e se batem galhardamente pela sua existência, hoje, certamente, pouco restaria.

Mas o que ainda resta, convenhamos, é algo decepcionante. Como se sentiria o Prof. Agostinho da Silva e o embaixador brasileiro Aparecido de Oliveira, “pai” da CPLP, se fossem vivos? Com certeza bem tristes… Mas ainda estamos a tempo de a reconstruir!

Não gostaria de entrar em rota de colisão sobre esta matéria seja com quem for. Desde logo por ter a ideia de que a CPLP se pode incluir num futuro e pujante desenvolvimento político, económico, social e cultural dos povos dos oito países que falam a Língua Portuguesa e não só, ou, como também se diz, da Lusofonia.

pg.: 28



Agostinho da Silva: prefigurador da Comunidade Lusófona



Agostinho da Silva é, na nossa perspectiva, o grande teórico da “via lusófona”. Em muitos textos seus, pelo menos desde os anos 50, Agostinho da Silva antecipou, com efeito, a criação de uma verdadeira comunidade lusófona. De tal modo que, mesmo depois de falecer, Agostinho da Silva tem sido recordado por isso. Eis, desde logo, o que aconteceu quando se instituiu a CPLP: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, conforme registramos na nossa obra Perspectivas sobre Agostinho da Silva:

No dia 17 de Julho desse ano, criar-se-á finalmente a CPLP, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, facto que será noticiado, com destaque, na generalidade dos jornais. Na maior parte deles, realça-se igualmente o contributo de Agostinho da Silva para essa criação, por via do seu pensamento e acção. Eis, nomeadamente, o que acontece na edição desse dia do Diário de Notícias – como se pode ler no texto de abertura da notícia: “A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, hoje instituída em Lisboa, foi premonitoriamente enunciada por Agostinho da Silva em 1956 como ‘modelo de vida’ assente ‘em tudo aquilo que (Portugal) heroicamente fez surgir do nada ou na América ou na África ou na Ásia’.”. Depois, aparece a foto de Agostinho, ladeado pelas fotos de Jaime Gama e José Aparecido de Oliveira, com a seguinte legenda: “Pioneiros da CPLP: Agostinho da Silva (enunciação original), Jaime Gama (primeiro texto diplomático único dos Sete na língua comum) e Aparecido de Oliveira (formalização política da proposta)1.

Sabemos que este projecto está ainda aquém, muito aquém, do sonho de Agostinho da Silva. A CPLP não é ainda uma verdadeira comunidade lusófona. Mas nem por isso — já quinze anos após a sua criação — a CPLP deixou de ser um projecto em que Portugal deve apostar enquanto desígnio estratégico. De resto, se há inevitabilidades históricas, a criação da CPLP foi, decerto, a nosso ver, uma delas. Se os países se unem, desde logo, por afinidades linguísticas e culturais, nada de mais natural que os Países de Língua Portuguesa se unissem num projecto comum: para defesa da língua, desde logo, e, gradualmente, para cooperarem aos mais diversos níveis. Se estranheza pode haver quanto à criação da CPLP, decorrerá somente do facto de ter nascido tão tarde. 
pg.: 24



Revista IDentidades no Facebook

Agostinho da silva ou a cultura portuguesa em portugal e no mundo o que é preciso é criar povo

24 de setembro de 2012

Carta aos povos de língua portuguesa


Quero saudar os povos de língua portuguesa dos cinco continentes, neles incluídos aqueles que, mesmo sem manifestarem a língua no cotidiano, nos diversos recônditos do planeta, têm-na como preciosa forma de pensar e de sentir valores e costumes.

Atualmente, estamos cada vez mais nos aproximando uns dos outros por meio da comunicação veloz e tecnológica e, no entanto, paradoxalmente, encontramo-nos tão longe do ideal de comunicabilidade fraterna que nos deveria ser habitual. Apesar disso, buscamos aprimorar nosso ser, mesmo adquirindo incessantemente coisas materiais, incapazes de nos satisfazer interiormente para que possamos atingir um nível mínimo de felicidade.

pg.: 10 da 1ª Edição da Revista IDentidades
CONTINUE LENDO

A Casa Agostinho da Silva em perspectiva


Em tempos da paradoxal “aldeia global”, exclusiva e excludente, na qual a sociedade prende-se à corrupção dos costumes em que todas as fatalidades tornaram-se normais na Humanidade e às manipulações insolentes, políticas e comerciais que se praticam sob a máscara da palavra “cultura” (culturus), a Casa Agostinho da Silva (CAS) está a favor da corrente do respeito às coexistências sociais para que as gentes de povo algum tenham o medo de existir. A CAS, como espaço cultural que pretende atuar com “os pés na rua”, crê na valorização da língua portuguesa e nas reformas a ela pertinentes para melhor traduzir-se em qualidade de vida e asseveração da dignidade humana. Também, credita confiança no diálogo e na cooperação entre os povos com suas origens culturais, porque só assim poderão compartir de interesses comuns e precisos nas áreas econômica, social, política e ambiental e dar à planetarização do Planeta nova futura-Idade.

Sabe-se que a globalização alargou as fronteiras do poderio técnico e consumista da sociedade capitalista, voltada para a burguesia industrializada e midiatizada. Dona do mundo, a globalização dá-se ao direito de destruir os animais e as plantas, de escravizar os irmãos homens. No real cotidiano global, os arquétipos implícitos do humano deixaram de ser transmitidos, pouco circulam e não impressionam mais. Isso ocorre porque não fez introduzir no cerne de sua ação global a dimensão do humano. Esqueceu-se dos mitos, das crenças, dos valores ecumênicos que devem existir entre culturas. Tudo deu a ver tão-somente como repetições rituais e supervalorização das particularidades e dos critérios de “raça”, “gênero” e “classe” como depositários da memória cultural colonizadora e/ou descolonizadora que reforçam, ideologicamente, um ponto de vista predeterminado e, inclusive, deixam mais evidentes preconceitos e intolerâncias.

A CAS repudia os ecletismos superficiais e generalizantes que eclipsam a fundamentação Histórica, Antropológica, Sociológica ou Filosófica, bem como recusa a reconhecer válida qualquer investigação em que a natureza do fenômeno cultural — intricado em sua essência — e até os seres humanos — naturalmente complexos — sejam substituídos por um meio ambiente simplificado, sintético e pré-fabricado pela tecnologia/linguagem midiática que tende a tudo e a todos uniformizar. Ademais, a CAS quer fazer valer o ideal político pedagógico do professor Agostinho da Silva no que respeita à proliferação de significados democraticamente disponíveis na quantidade de informações circulantes no ciberespaço e o máximo de seleção real que alavanque discussões críticas para a construção da melhor futura-Idade para todos os povos de língua portuguesa, diz-se translusófonos, haja vista que há, principalmente nos países pobres, um número enorme de indivíduos que sequer tem acesso às tecnologias modernas, sendo alijados de qualquer aquisição ou participação no ciberespaço, o que implica a negação de perspectivas na educação, na saúde e no trabalho. Cabe, então, àqueles que compreendem a obra de Agostinho da Silva, trazer à tona, na prática das ações sociais às quais se conferem posição política, que a globalização é a falsa universalização do mundo pela economia e pela padronização do imaginário,  apoiada em sua única ideologia — da técnica e do lucro — que unifica, indiferenciando, e que depende de modas efêmeras e fragmentárias e da multiplicação do banal e do vulgar. Paradoxalmente, na linha do pensamento de Agostinho da Silva, a CAS pretende divulgar que o progresso tecnológico dos tempos modernos é capaz de permitir que vivamos com segurança, abatendo os espectros da fome e do desemprego que já se mostram como sendo os dois maiores flagelos da Humanidade.

pg.: 6 da 1ª Edição da Revista Identidades




Apresentação da Revista Identidades

Acesse a Revista Identidades aqui

A Revista Identidades — uma realização da Casa Agostinho da Silva (CAS) — tem por objetivo a divulgação da obra do professor George Agostinho Baptista da Silva, promovendo o seu pensamento, bem como a divulgação dos Povos de Língua Portuguesa e a valorização da cultura lusófona/lusofilia entre culturas avizinhadas pelo mesmo idioma. 

A Identidades pretende a adesão de todos os quadrantes — sobretudo, dos falantes de língua portuguesa da África, Timor Leste, Macau, Goa e Galiza tantas vezes preteridos —, aglomerar em torno de si todas as gentes que queiram refletir e expor — respeitando os Direitos Humanos — os laços e os atos entre os povos translusófonos no que respeita à educação e à cultura, ao social e ao econômico, ao político e à sustentabilidade ambiental, à ciência e à tecnologia para o bem comum das populações dos povos irmanados pela língua portuguesa.

Tarefa deste gênero precisará de muitos agentes transformadores aproximados à práxis político pedagógica de Agostinho da Silva para refletir, crítica e criativamente, nas páginas abertas de Identidades, a cultura de língua portuguesa entre culturas várias. Só assim os próximos exemplares serão forjados na busca de elos consubstanciados pela democracia e pela fraternidade ecumênica entre as gentes que falam o mesmo e comum idioma por esse mundo afora.

Esta edição evidencia o entusiasmo com que o nome “Identidades” foi apreendido pelos autores que integram mais uma vertente, “passo a passo, linha a linha”, como solicitava o professor Agostinho, da tessitura que é a permanente troca dialógica entre as gentes da grei de mares ainda a navegar. Todos, cada um a seu modo, empenharam-se para mobilizar outras tantas gentes a fazer parte da Identidades cuja linha editorial é já esperada independente por seus colaboradores que deixam registrado que a desejam “politicamente incorreta sempre que se torne necessário, a fim de incitar o avanço de instrumentos eficazes nas ordens públicas que são tímidas em ousar medidas que consolidem, sem margem para dúvidas, o mundo de língua portuguesa”.

Segue-se o trajeto de Identidades no compartilhar da ideia de que, afirmam os amigos da CAS, “Só valerá a pena lançar mais uma publicação, se não for apenas mais uma. Só ganhará espaço e respeito se seu conteúdo justificar e merecer o título que convida às aventuras dos espíritos e dos sonhos que Agostinho da Silva nos legou.”. Terá, pois, de tratar de revelar qual é o jogo que asfixia a cultura dos povos de língua portuguesa.




23 de setembro de 2012

Revista IDentidades: Novo design. Mesma proposta

BOLETIM SEMANAL

Martinha do Coco e Randal Andrade se
apresentam no Paranoá

Martinha do Coco e Randal Andrade se apresentam no Paranoá

Muito coco, ciranda e maracatu estão programados para alegrar a noite desta sexta-feira na Casa Viva, localizada na cidade do Paranoá/DF. Das 19h às 23h, o espaço cultural recebe apresentações de Martinha do Coco e Mestre Randal Andrade como parte do projeto Palco ...


22 de setembro de 2012

Exposição




Diário gráfico de uma viagem feita a pensar na independência do Brasil

  (Cortesia: Instituto Moreira Salles)
A praia de Copacabana vista do Forte do Leme, praticamente sem casas, o Corcovado só com vegetação, a lagoa Rodrigo de Freitas rodeada de campos, um escravo chicoteado no tronco em praça pública, a última vista do porto do Rio de Janeiro como se alguém tivesse acabado de pegar fogo ao mar. E depois há Portugal, com os marinheiros e as sugestivas lavadeiras de Lisboa, o Convento de Mafra e o Mosteiro da Batalha, as cachoeiras de Sintra a antecipar as da Floresta da Tijuca, os camponeses da Madeira, as mulheres elegantes das ruas de Angra, e um barqueiro real chamado Francisco das Chagas. Charles Landseer registou tudo isto em 1825-1826 e guardou desenhos, aguarelas e esquissos num caderno que mais tarde lhe sairia das mãos para a biblioteca de um importante diplomata sem que o jovem artista britânico o pudesse evitar.

"Para um historiador como eu, que estudou o Brasil na política e na economia, na sociedade, descobrir estes trabalhos de Landseer foi lindo, deixou-me verdadeiramente feliz", diz Leslie Bethell, especialista em história latino-americana e comissário da exposição Charles Landseer: desenhos e aguarelas de Portugal e do Brasil, 1825-1826, que abre hoje no Centro Cultural de Cascais e que junta a fundação portuguesa D. Luís I e o Instituto Moreira Salles, brasileiro, que desde 1999 tem o álbum do britânico na sua colecção. "Se fosse um historiador de arte teria muitas teorias sobre o traço e a cor em Landseer, mas não posso ignorar que ele é por vezes muito bom. Não é como o nosso Turner, claro, mas estas imagens têm grande valor documental e chegam a ser muito sedutoras."

Bethell, 75 anos, antigo director do Centre for Brazilian Studies de Oxford, fala com entusiasmo dos mais de 170 esquissos, desenhos, óleos e aguarelas desta exposição que fica em Cascais até 27 de Janeiro e que, segundo o administrador-delegado da Fundação D. Luís I, Salvato Teles de Menezes, faz "um travelling muito curioso pela cidade de Lisboa e os arredores na primeira metade do século XIX", mostrando ao mesmo tempo um "Brasil exuberante", sem nunca esquecer as pessoas. "É como um filme com quase 200 anos."

São as pessoas, explica Bethell no seu português solto, com um sotaque brasileiro delicioso, que mais parecem atrair o jovem Landseer, à data com 25 anos e que tinha recebido formação em casa e na Academia Real de Belas-Artes de Londres. Apontando para os marinheiros lisboetas e os escravos da Baía ou do Rio, Bethell explica porquê: "Ele sabe desenhar corpos - teve aulas de traço anatómico -, está muito atento às características dos vários tipos urbanos e sabe documentá-las, seja num desenho rápido de rua, seja numa aguarela que exige mais tempo."

Quem percorre a exposição fica com a sensação de que não há muitas diferenças de objectivos entre os esboços de Landseer e as fotografias que hoje tiramos com os nossos smartphones. "Ele quer prender na memória e no papel estas pessoas que vê." Sobretudo os escravos.

Um artista em missão
A viagem de ida e volta de Landseer ao Brasil, passando por Portugal (Madeira e Açores incluídos) e pela ilha espanhola de Tenerife, é feita em contexto diplomático. O jovem passa 18 meses longe de casa fazendo mais de 300 desenhos e aguarelas (a maioria no Brasil) enquanto artista da missão de Charles Stuart, um dos mais experientes embaixadores britânicos, encarregue de negociar por parte de Portugal e da Grã-Bretanha o reconhecimento do recém-independente império do Brasil.

"A situação geopolítica era delicada", mas a Grã-Bretanha não perdia de vista os portos do Brasil e o dinheiro que poderiam render à coroa. Perante a invasão napoleónica de 1807, que levou à ida da corte portuguesa para o Brasil, em troca da renovação do acordo de protecção à dinastia dos Braganças, a Inglaterra exigira que Lisboa pusesse fim a um monopólio de três séculos sobre o comércio colonial e que abrisse os portos brasileiros a outras nações, explica o professor inglês. "Stuart veio mostrar a D. João VI que reconhecer a independência brasileira era inevitável", diz. Chegou a 25 de Março de 1825 e a 17 de Maio tinha autorização para representar Portugal nas negociações com o Brasil. O acordo em que D. João VI reconheceu o filho D. Pedro como imperador do Brasil é de 29 de Agosto."Nesta exposição vemos muitos escravos, desenhos que são documentos antropológicos. E isso tem uma explicação. Os ingleses exigiam ao imperador D. Pedro que acabasse com o tráfico de escravos, algo que só viria a acontecer 30 anos depois da missão de Stuart, e a situação em que os cativos viviam impressionou muito Landseer." É o diplomata que confisca ao artista o álbum de desenhos que o jovem tencionava usar como ponto de partida para uma série de pinturas (que se saiba fez apenas cinco, as duas sobreviventes estão também expostas) e que o Moreira Salles comprou na leiloeira Christie"s. "Imagino-o a deixar uma aguarela a meio e a dobrá-la no álbum, pensando: "Volto a isto mais tarde, num cavalete." Pouca sorte."

A actual exposição, que faz parte do programa do Ano do Brasil em Portugal, foi já mostrada, com diferenças, em São Paulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro, onde a presidente da Espírito Santo Cultura, Maria João Bustorff Silva, a viu em 2010, sugerindo depois a sua apresentação na Europa. Bethell, que continua a tentar levá-la ao Reino Unido, sonha agora que algum visitante reconheça nos desenhos uma pintura que tem em casa: "Seria maravilhoso. Tão maravilhoso como vir viver a minha aposentadoria para Cascais."

CADERNO DE LEITURAS COMPARTILHADAS


16 de setembro de 2012

Portugal é o 6º país mais belo do mundo diz portal internacional


Posted: 15 Sep 2012 10:53 AM PDT
A vila de Marvão, no Alentejo, é um dos locais portugueses destacados pelo UCity Guides
Portugal está entre os 10 países mais bonitos do mundo. Quem o afirma é o portal internacional UCity Guides, que disponibiliza aos turistas tudo o que precisam de saber antes de viajar para determinada cidade e que escolheu o “top 10″ das nações “abençoadas com um raro conjunto de belezas naturais e maravilhas edificadas pelo homem”. 
 
A lista, dominada por países europeus, é liderada por Itália. Espanha e França ocupam o segundo e terceiro lugares do pódio, respetivamente, e Portugal surge na 6ª posição, antes de países como o Brasil (8º) ou a Alemanha (10º).
 
De acordo com o portal, “as maravilhas naturais e puras do vulcânico arquipélago dos Açores” seriam suficientes para colocar o nosso país na lista. Porém, há muito mais: a Madeira, um autêntico “jardim flutuante”, a linha da costa “impressionante” e os cabos “místicos” do continente, aos quais se juntam os planaltos alentejanos, as vilas medievais como Marvão ou Monsaraz e o Parque Nacional da Peneda-Gerês.
 
O UCity Guides destaca ainda a “perfeita colaboração entre o Homem e a Natureza” que é possível testemunhar em Sintra ou no verdejante Vale do Douro e deixa apenas uma crítica, considerando “inexplicável” a “negligência” a que estão votados os velhos centros das maiores cidades portuguesas, Lisboa e Porto.
 
“Tudo é em pequena escala mas, quando todos os elementos se combinam, é impressionante como tanta e tão diversa beleza consegue caber num país de dimensões tão reduzidas, que parece ser um dos favoritos do Sol”, conclui a apreciação feita pelo portal.
 
No “top 10″, que conta com seis países da Europa, há ainda espaço para a Austrália (4º), os EUA (7º), o Brasil (8º) e a África do Sul (9º). 
Boas Noticias

Seminário