15 de agosto de 2015

A língua portuguesa e o século XXI

Convoquemos a todos para a montagem de um estratégia planetária para a língua portuguesa.

O século XXI começou desafiando a todos nós falantes da língua portuguesa. Está a nos exigir um protagonismo de grandes proporções. Hoje, há uma expressiva presença de nosso idioma em todos os continentes, presença que não para de crescer e tomar maiores dimensões planetárias.
Compomos um universo de falantes que supera o de línguas muito mais tradicionais no mundo da cultura e dos negócios. Somos mais falados do que o italiano e o alemão. O francês nos supera apenas quanto ao número de falantes não nativos. Juntos, estamos entre as cinco maiores economias do planeta.
A nossa língua está a nos exigir uma afirmação global, a nos cobrar uma responsabilidade para com ela. Impressiona-me que não tenhamos uma política comum a todos os países que falam o português. Quem há de negar que precisamos definir uma grande estratégia cultural de presença no mundo que abranja todo o nosso território linguístico?
Quem há de subestimar a importância da língua? É grande a sua dimensão social, política, econômica e geopolítica. Ela é muito mais que uma ferramenta de comunicação. Nela, não estão armazenados apenas conhecimentos e informações. A língua é a cultura que ela produz. É ela quem nos dá os sentidos. É o universo desenhado por ela que nos referencia e nos singulariza. A língua gera coesão, nos fortalece no mundo globalizado, “é a casa onde a gente mora”. Nela, se deposita know how, tecnologia. Língua também é economia.
Não subestimemos o assunto. Ele é sério. Estamos diante de uma questão de afirmação da qual não podemos nos furtar. Por meio de nossa cultura podemos afirmar uma visão de mundo, um modo de vida, projetos de civilização fundados em estratégias generosas e abrangentes. Estou convencido de que podemos ser portadores de uma mensagem planetária singular.
No mundo globalizado em que vivemos, nunca houve tantas trocas de ideias, de discurso, de palavras, entre todos os falantes de língua portuguesa - nunca houve tanto conhecimento e reconhecimento mútuo.
O português de Portugal, o português que emerge nos países africanos e a língua que é falada no Brasil formam um só idioma. Não tenho dúvidas que uma ortografia comum, como parte de uma maior interação cultural, nos dará a grandeza e dimensão que nossos artistas e escritores projetam.
É claro que precisamos de uma ortografia uniformizada. É insensato não crer na necessidade de um acordo ortográfico. Possíveis erros de condução não diminuem sua importância, e o que representa para o fortalecimento da língua no contexto global. A diversidade e a riqueza de um português que floresce em vários cantos do planeta, e que a enriquece, sem uma escrita comum podem vir a comprometer a sua unidade.
Precisamos dar novos passos para a consolidação de uma comunidade de língua portuguesa, compartilhar nosso universo cultural num grau e proporção ainda não experimentado. Precisamos fortalecer ações de colaboração e integração mútua rumo a uma maior projeção global.
Convoquemos a todos para a montagem de um estratégia planetária para a língua portuguesa. Convoquemos aqueles que com ela criam, tendo-a como matéria prima, aqueles que a mantém viva, que a recriam diariamente e que expressam seus falares.
Convoquemos os poetas, os escritores, os artistas, os jornalistas, os cronistas, os tradutores, os editores, os professores, os filólogos, os intelectuais, os sociolinguistas, os midialivristras, os críticos literários e, também, os normatizadores. Precisamos de todos, inclusive dos estados nacionais.
Pensemos a língua em suas várias dimensões. Consolidemos um universo cultural comum, não apenas em suas expressões literárias e poéticas, mas também na música, no teatro, no cinema, no pensamento; e em suas inserções na internet, no rádio, no jornalismo, na TV, etc. etc. Pensemos globalmente.
Não podemos, enfim, simplificar o assunto, reduzindo-o a uma questão puramente técnica. Não podemos desconectar a uniformização da ortografia de um contexto cultural mais amplo que diga respeito toda a comunidade lusófona.
Sociólogo, ministro de estado da cultura do Brasil

3 comentários:

Jorge da Paz Rodrigues disse...

Estou 200% de acordo!

Apenas discordo quanto ao francês, pois creio firmemente que existem mais falantes de português do que de francês.

JPR

Roberto Moreno disse...

Como nasceu a língua “portuguesa”

.. pelos Reis, D. Afonso X, D. Dinis, Alexandre Herculano, Humberto Eco ... e, relatadas por Roberto Moreno, cujo objetivo é: transcende-la.

Colocações factuais e históricas.

1 - Em 1296, o português foi adotado pela Chancelaria Real, por D. Dinis (sexto rei de Portugal) A partir deste momento o português passou a ser usado não só na poesia, mas também na redação das leis e nos notários, eliminando a palavra Galego, por razões sociopolíticas. - D. Dinis adotou uma língua própria para o reino, tal como o seu avô, espanhol, D. Afonso X, fizera com o castelhano a partir de 1252, também eliminando a palavra Galego, pelas mesmas razões, politicas (embora, ambos os Reis, continuassem a utilizar o Galego em suas poesias). - Portanto, como reza a história, e diante dos fatos (factos) - A língua portuguesa foi criada por Decreto, e - o Galego, fonte do português e castelhano - foi banido.

2 – O conceituado historiador Alexandre Herculano em 1874, disse: "A Galiza deu-nos população e língua, e o português não é senão o dialecto galego civilizado e aperfeiçoado”

3 - «O certo é que as línguas não podem ter nascido por convenção já que, para se porem de acordo sobre as suas regras os homens necessitariam de uma língua anterior; mas se esta última existisse, por que razão se dariam os homens ao trabalho de construir outras, empreendimento esforçado e sem justificação?» - (Umberto Eco)

__________________________________________

Diante destas três colocações, e isentas de versões oficiais, o Projeto Geolíngua propõe-se a seguir os mesmos passos dos Reis D. Dinis e D. Afonso X, no âmbito de, ambos, terem criado as duas primeiras “marcas brancas” do mundo, há 8 Séculos atrás, nomeando de “português e castelhano” - o Galego.

Proposta de Roberto Moreno, fundador da Fundação Geolíngua:

A Fundação Geolíngua visa criar uma palavra neutra e universal - para designar o Galego-brasileiro por GEOLÍNGUA e é, exatamente uma “nova marca branca” - 8 Séculos após à marca “português” - criada por D. Dinis.

A Fundação Geolíngua, após uma minuciosa e fundamentada investigação científica, ao consultar varias fontes (além das oficiais) desde 1992 - designa o Galego - com sotaque brasileiro, como a única língua natural (desde o Século XIII) capaz de “substituir” o Esperanto (língua artificial criada em 1887) e o inglês, (pseudo língua universal) cuja aprendizagem constitui uma promoção ao monoglotismo mundial.

A percentagem que separa uma língua de outra - é de aproximadamente 20%. - A diferença, hoje, entre o português de Portugal e o galego, é de 7% e, entre o português e o “brasileiro” é de 3%. - Portanto, histórica e cientificamente - a língua portuguesa foi “separada” do galego, por Decreto e, por estratégia política. Portanto, surge há 8 Séculos, a “segunda marca branca” do mundo - a língua portuguesa, tendo como fornecedor - o Galego.

Nesta perspectiva o – Galego-brasileiro é, a primeira língua do mundo, segundo dados investigados pela Fundação Geolíngua. O fato é: o “português” entende 90% do espanhol, 50% do italiano e 30% do francês, sem qualquer dificuldade (pelo menos, na linguagem escrita) e une, para já e, a partir do espanhol - 800 milhões de pessoas em 30 países, nos 5 continentes e - se acrescentar o italiano ultrapassa os 900 milhões, superando o inglês e o mandarim, com a vantagem de - o “português” possuir, além do aspecto quantitativo, também o qualitativo, geopolítico e geoeconómico, em simultâneo, o que não é encontrado em nenhuma outra língua do planeta.

Para ilustrar este estudo, sugiro que se escreva no Google o seguinte: O Brasil fala a Língua Galega (é o tema abordado por um professor catedrático, da Universidade de Santiago de Compostela - ‪http://www.udc.gal/dep/lx/cac/sopirrait/sr044.htm‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬

Quanto ao Acordo Ortográfico, sugiro ver a posição de Roberto Moreno, aqui
http://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheAudicao.aspx?BID=94935

E, para complementar veja este vídeo - http://www.youtube.com/watch?v=aisI7SEry4c

Jorge da Paz Rodrigues disse...

"A minha pátria é a língua portuguesa"
(Fernando Pessoa, in 'Livro do Desassossego')

Creio que para bom entendedor esta simples e universal frase de um dos maiores escritores da língua portuguesa chega.