18 de março de 2016

Eu MORO no BRASIL e quero uma PÁTRIA


Estamos diante de uma encruzilhada política. Assim como na vida, os caminhos se dividem em muitas pequenas veredas. Indignado com as minhas próprias escolhas do passado, já me decidi e tomei meu rumo, sem todavia deixar pra trás o caráter e a alma. Observador dos pequenos incidentes que se avolumam, aqui e acolá, tenho de dizer publicamente que respeito as escolhas alheias. Respeito meus amigos petistas, ainda que muitos, a meu ver, estejam apenas defendendo suas crenças com medo de um mal absoluto - a desilusão ideológica. Entretanto, não aprovo listas de perseguição. Não aprovo igrejas ou comitês queimados. Repudio as agressões e os vitupérios ensandecidos de qualquer das partes conflitantes. Só celebraremos algum ganho social se sairmos desse labirinto melhor do que entramos. Sem sangue nas mãos, sem ódio nos olhos, sem fraudes, sem culpas. Limpos. Puros. Sem palavrões e cartas de ameaça. Eu MORO no BRASIL e quero uma PÁTRIA e não um campo de concentração ou uma trincheira. Quero ganhar sem perder a ternura. Sigamos, juntos. 
(Marcelo Américo, Advogado e Licenciado em Letras)

3 de março de 2016

LÍNGUA PORTUGUESA ENTRE DESRESPEITO E IDEOLOGIA - O PORTUGUÊS NÃO É DE PORTUGAL NEM DO BRASIL ELE É A ALMA DA LUSOFONIA


MEC brasileiro pretende acabar com a obrigatoriedade da Literatura portuguesa: de Cavalo para Burro?
Por António Justo  
Quem tocar na língua deve fazê-lo com respeito e de forma moderada porque ela é a alma da cultura, a água límpida que dá forma mais ou menos física à cultura de um povo. O Português não é só forma e meio de expressão de um povo, de uma região, de um país ou de um continente, ele é a a alma e  expressão sublime de muitos e nobres povos que formam uma civilização intercultural interoceânica e intercontinental - é um idioma onde os diferentes génios de povos se miscigenam no sentido da evolução cultural e civilizacional. Seria ofensor do Português querer vê-lo reduzido a um lago ou país, ou mesmo a um mar ou continente, quando integra nele a experiência de vida dos diferentes continentes, sendo ele um mar aberto de águas interoceânicas.
Constituiria um acto de infidelidade e falta de brio, uma falta de autoconsciência querer apoucar-se o Português a uma terra maninha ou baldio incultivo, querê-lo uma árvore sem raízes ou reduzi-lo a simples coutada de alguém. O Português, como a água tanto rega os baixios da favela como os lugares altos do país e da civilização. No seu todo é que a língua é grandiosa, na rica expressão multiforme e na sua capacidade de diferenciação. O português não é de Portugal nem do Brasil; ele é teu e meu, é de todos, como o céu é das aves onde todas voam e se encantam. O português quando ouvido lembra diferentes melodias de variadas intonações. Ele é como a terra mais virgem ou mais elaborada, uma intercultura a proteger-se tal como uma terra indígena a defender-se.
A notícia de que “A Literatura portuguesa deixa de ser obrigatória no Brasil” (1) deixou-me perplexo e desiludido tal como a mutilação da língua, no que toca ao acordo ortográfico.