111.º ano do nascimento de George Agostinho Baptista da Silva
E de súbito, em 06, Porto em lugar de Barca d’Alva, o Porto de Campanhã e Bonfim, exactamente
na Barão de Nova Cintra (Rua ou Travessa) notada pelo Parque que, do lado do rio, desce
até à linha de caminho de ferro, e em prédio que decoravam, na cimalha, figuras da Fábrica das Devesas.[...]
Agostinho da Silva, Caderno de Lembranças. Ed.Zéfiro e AAS, 2006, p.26
George Agostinho Baptista da Silva nasceu a 13 de Fevereiro de 1906,
na freguesia do Bonfim, Porto, tendo a família residência na Travessa Barão
de Nova Cintra. Foi baptizado a seis de Maio do mesmo ano, na Igreja do
Senhor do Bonfim desta freguesia.
Quando alguém suplanta a dimensão do invulgar, o senso comum ora tende
para a idolatria, ou, ao invés, tenta reduzir a um plano de vulgaridade,
como se o diferente carecesse de qualificação. O erro está sempre no
julgamento que se faz. Se se prescindisse da lente que deturpa, teríamos
a visão do Ser pleno, o que se torna assaz difícil, pois, enquanto humanos
vemos com os órgãos dos sentidos, mas sobretudo com os olhos da
Consciência de onde não se pode retirar o coração / Cor
(do lat. - sede da alma, da inteligência, da sensibilidade; espírito; bom senso).
Muitas vezes existe a propensão para considerar um Mestre como
alguém a quem não se permite errar, imagem da perfeição, que se
situaria para lá da dimensão humana.
“E não me chamem de mestre, sou apenas aprendiz”- dizia-nos
Agostinho da Silva, assim, só pode ensinar quem de facto preserva
a capacidade de aprender.
Aprender com os desacertos, os próprios e os dos outros,
transformando-os num novo patamar de conhecimento.
De níveis supra-humanos só os santos poderão responder,
enquanto mensageiros do Inexaurível.
O que conheci em Agostinho da Silva foi o pleno carácter
que atende ao seu próximo, respeitando a liberdade de cada um,
procurando ajudar pela palavra, ou dedicando-se na medida
em que a generosidade lhe ordenasse, franciscano o vi
verdadeiro oferecendo o que de melhor apreendeu da vida – a Sabedoria.
E porque entendemos que no humano co-existem o mundano
e o divino, a Vida/Obra constituiu-se para Agostinho, como
aprendizagem que permitiu superar a voragem do mundo.
Tal fez-se através da coragem que enfrentou provações,
que superou obstáculos, umas vezes agrilhoado nas
teias, de outras ultrapassando o banal, alcançando laivos de
génio, mas sempre persistindo confiante nas qualidades do
Homem que sempre via propenso à Bondade –
A “estrela de ímpar brilho” que afinal soube ser.
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