Os tristes dias pelos que
está transitar o Brasil, dentro dos ciclos menores de expansão e
contração,
pelos que atravessa em um determinado momento, uma determinada comunidade;
está
a focar a atenção do país nas suas próprias misérias internas. A sombra negra
da divisão
irreconciliável e da polaridade
estende seu manto por toda as camadas sociais.
Fomentando a separabilidade
entre irmãos e irmãs, que deveriam em harmonia
criar a rede de força que
movimente um grande, imenso, poderoso, fortalecido e amoroso país.
Essa
sensação de confronto, fomentada desde certas elites políticas, empresariais
e
mesmo culturais (e sobre dimensionada por uma Mídia totalmente
sensacionalista),
é um sintoma claro da falta de visão global dos verdadeiros
poderes brasileiros e da
própria decadência do projeto nacional (assim como do
ainda não ultrapassado
acervo mental, do extenso neocolonialismo vivido ate
épocas muito recentes).
Acontece a América do Sul obter no século XIX uma
independência política,
mas não económica, ficando pressa de vassalagem real,
primeiro a Grão
Bretanha e depois dos
EEUU (os quais consideravam o continente como seu
pátio das traseiras, sendo o
mesmo Brasil a “porta de entrada a fazenda”).
A princípios do século XXI, a
América do Sul, baixo o comando firme de Brasília
parecia abandonar
definitivamente a tutela norte-americana e rumar, baixo o
guarda chuvas do BRICS,
a jogar nas grandes ligas globais, onde no
(nosso desgraçado mundo de confronto
pelas hegemonias, ainda vigente na humanidade)
se discutem os grandes temas,
que afetam ao mundo. Mas, pela contra, em estes
últimos cinco anos, as elites
globais financeiras do ocidente parecem de novo ter
iniciado a retoma do Pátio
Sul Americano das traseiras. O continente aparenta rumar
à entrega parcial ou
total da sua soberania e património. Condensando em mãos
de grupos de
investimento estrangeiros suas mais valias materiais e mesmo imateriais.
O Brasil como centro
continental e porta de entrada a região é vital na realização
deste plano de
imposição, aos povos sul-americanos, dum novo e forçado vassalagem,
definitivamente atrelado ao poder financeiro privado do Ocidente globalista.
Do mesmo jeito também o
Brasil converteu-se já numa peça chave para os BRICS,
na sua tentativa de fomentar um poder multi-global que concorra
com o poder
unilateral ocidental ou, quanto menos, procure um difícil acomodo
mundial que
evite um confronto planetário, entre estes dous poderes encontrados
(mias homogéneo o ocidental, com mais heterogeneidade dentro dos emergentes
BRICS).
O problema foi que a
contrario da Rússia, o Brasil não tinha (ainda não tem) projeto de
suas próprias fronteiras, mesmo assim a
Índia é muito mais ciosa da sua
Independência real). No caso da Rússia a famosa
frase, do seu máximo mandatário,
Vladimir Putin: “… aqueles (referindo-se ao
povo russo) que não sentem saudades
da União Soviética não têm coração, aqueles
que acreditam, que nós, devêramos
voltar aos tempos da União Soviética não têm
cabeça...” resume perfeitamente
a capacidade de integração histórica,
política e social, num projeto de continuidade,
no que respeita a projeção
internacional da Rússia, além fronteiras…
Somente dirigentes que tem a capacidade de unir seu povo
(conciliando-o,
por cima das divisões partidárias da base, no lógico acomodo -
concorrência,
entre os diversos sectores de interesses diferentes, no interior do país)
podem
assumir a chefia dum país que sonha ser grande.
Parecera que o Brasil não
estivesse preparado para esse reto maior e, no entanto tanto,
a cidadania
brasileira em seu conjunto tem desenvolvido um amor a seu território,
cultura e
identidade, que criam uma unidade, muito por cima das rivalidades políticas
atuais.
Esse mesmo amor, desenvolvido
com sabedoria permitiria ultrapassar, sem muita
dificuldade, o marco atual de
confronto; criando um novo marco inovador em
favor da consagração do poder
regional e global brasileiro, no exterior
(para o qual é indispensável a
unidade interior em torno dum projeto país – continente);
Por sua vez, o país da
Amazónia, tem um grande problema de falta de
Grupos Especialistas em fomentar
Ideias e Pensamento, os famosos
Think Thanks; o mais importante agora seria
criar precisamente um
Think Thanks que trabalhara em favor da unidade esquerda
– direta em
um projeto real, factível e realizável de Independência política –
económica do país.
Grupos ou grupo que
ponha em valor a consagração dos recursos cientifico
– tecnológicos,
patrimoniais, culturais, ecológicos, económicos… no intuito de
assegurar estes
não sejam entregues a poderes estrangeiros ao serviço de
escuras agendas (por
parte duma elite local com mentalidade pequena),
cuja centralidade e realização
dependam de tomas de decisão, que estejam,
na prática, a milhares de quilómetros
da nação.
Senão rumar, toda a sociedade
e suas elites, em este sentido de unidade
– confraternização, os brasileiros e
brasileiras acordaram algum dia vendo
suas industrias energéticas em mãos de
investidores privados internacionais,
seu Banco Central em mãos de banqueiros
globais, seu património florestal e
cultural dependente de centros de controlo
no exterior. Deixando Brasília na
pratica atada às políticas monetárias e
decisões estratégicas, levadas à frente
desde Washington ou Londres, e urdidas
em salões privados, muito perto de Wall Street.
O Brasil tem também uma
responsabilidade com a humanidade como guardião
dum basto património natural,
humano e cultural, que deve ser preservado.
A única forma passa pela
emancipação de poderes alheios e a reconexão do
imaginário coletivo num projeto
fraterno e cívico (que some sectores, permita
discrepância harmônica e vitalize
a inclusão de propostas inovadoras, em cada
mesa de diálogo, tanto no nível
acadêmico como social e político).
A sua vez o país é chave,
também, como ponta de lança indispensável
para consolidação dum espaço
lusófono, mais visível internacionalmente,
desde a CPLP – hoje tristemente
transformada quase que um clube de negócios
– mas que, por própria evolução
biológica, em algum momento deve voltar à
sua essência, muito eticamente
inseminda, por pensadores, da categoria de
Agostinho da Silvar ou Aparecido de
Oliveira, por citar algum exemplo.
Muitas pessoas no mundo
trabalham para essa futura confraternização da
humanidade, da qual a Lusofonia
terá de ser uma coluna basilar. Pois fielmente
são essas mentes maravilhosas
que, ciclicamente, iniciam toda mudança, por meio de
insuflar amor nas mentes
da cidadania .
As pessoas que podem mudar
estas inercias, serão verdadeiramente chamados
de servidores da humanidade,
esses grupos de pessoas ao serviço da paz global,
que agora estão também a
ajudar como forças de união no Brasil; tal como
afirmava Alice A. Bailey surgem
de todos os estratos sociais: … “ Portanto,
os
verdadeiros servidores de todas as partes pertencem a este grupo, quer
prestem serviço no campo cultural, político, científico, religioso, filosófico,
psicológico ou financeiro. Constituem parte, saibam ou não, do grupo
interno de
trabalhadores para a humanidade (…)
Estes
grupos não demonstrarão nenhum senso de separatividade,
nem terão ambição
pessoal ou grupal; reconhecerão sua unidade
com tudo o que existe e
permanecerão diante do mundo como um
exemplo de vida pura, criadora e
construtiva, de atividade criadora
subordinada ao propósito geral, de beleza e
inclusividade”
Em uma humanidade em que
ainda existem estados e fronteiras, em que ainda
existe medo do diferente, em
que ainda prevalece o teu e o meu e, pelo tanto,
os muros de contenção…
Não pode haver ainda uma
grande evolução. Podemos ter grandes avanços científicos e
tecnológicos, mas
eles, em ultimo caso, estão ao serviço dos senhores do capital e não
da
população. Pode haver grupos com grande consciência dos problemas vários e,
das
várias crises interligadas (ecológicas, económicas, sociais, energéticas,
políticas)
que deles surgem… Mesmo pode haver grupos de pessoas com uma
consciência
ética elevada, que possa vislumbrar que estas crises interligadas
são em realidade os
sintomas duma crise mais ampla, de raiz única: a crise do
modelo de guerra e dominação
que ainda comanda na humanidade.
Pode haver mesmo grupos de
pensamento que já rumam a confraternização mundial:
queda de todo tipo de
barreiras e fronteiras, começando pelas mentais… No entanto,
esse pensamento
não permeia todavia ao resto das elites e menos ao grosso do povo
comum. Assim
que isto demonstra que vivemos ainda muito longe dum patamar
evolutivo que nos
permita eliminar para sempre o fantasma permanente da guerra.
Entendamos, por sua vez, que
não podem ser levantados os muros, barreiras, das nações
sem antes ultrapassar
a mentalidade de confronto e medo pela sobrevivência, ainda
permanente na
humanidade. Entendamos que essa transição e abertura de consciência,
tem seu
tempos suas cadências, seus ritmos ate assentar em todo o tecido social...
Por
isso é preciso um centro novo mundial que comece a implementar esse novo
pensamento.
Dai, que precisamos criar um
centro geográfico novo, que dinamize estas novas
tendências, um novo centro
civilizacional, desde o qual podamos irradiar esta nova
conceção
ético-ecológica a toda a humanidade. E em este sentido o Brasil tem umas
possibilidades e capacidades imensas, que de superar com acerto, estas
provações
momentâneas da sua história atual, sem duvida debocharam para o
serviço de toda à humanidade…
“O conhecimento leva à
unidade, assim como a ignorância à separação”
(Sri. Ramakrishna)