29 de maio de 2012

Quadras de Agostinho da Silva


É o mundo que nos coube
perpétua ronda de amor
do criado ao incriado
por sua vez criador.

Mais longe estás se houve início
mais perto se o tempo finda
e a rosa que em ti abriu
é em mim botão ainda.

Mais que a teu Deus sê fiel
ao que tu sejas de Fé
talvez o Deus que te crias
oculte o Deus que Deus é.

Mais que tudo quero ter
pé bem firme em leve dança
com todo o saber de adulto
todo o brincar de criança.


biblioteca digital


Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, mas que
está prestes a ser desactivada por falta de acessos. Imaginem um lugar
onde você pode gratuitamente:
·Ver as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci ;
·Escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
·Ler poesia de Fernando Pessoa
·Ler obras de Machado de Assis ou a Divina Comédia;
·Ter acesso às melhores historias infantis e vídeos da TV ESCOLA
·E muito mais...
Esse lugar existe!
O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso, bastando acessar o
site: www.dominiopublico.gov.br
Só de literatura portuguesa são 732 obras!
Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desactivar o projecto
por desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar
reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e
conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da
cultura e do gosto pela leitura.
Divulgue para o máximo de pessoas e, sobretudo, consulte!

25 de maio de 2012

Poder criado na Guiné

Desta vez não faço qualquer comentário, a fim de não poderem acusar ou sequer insinuar de que sou neo colonialista...
JPR


Governo de transição já está formado
Poder criado na Guiné pelo golpe procura reconhecimento
24.05.2012 - 20:49 Por João Manuel Rocha (in "Público" de 24-5-2012)

Executivo de transição tem vários membros próximos de Kumba Ialá. Prioridade é explicar “o que se passou” à comunidade internacional.
A nomeação, esta semana, de um Governo em Bissau é mais um passo na tentativa de normalização seguida pelos autores do golpe de Estado de Abril. A prioridade do designado executivo de transição — em que predominam figuras próximas do ex-Presidente Kumba Ialá — é “explicar à comunidade internacional o que se passou e convencê-la para que haja ajudas”, anunciou Faustino Imbali, indicado para a pasta dos Negócios Estrangeiros.
Depois de — por acordo entre os golpistas e a CEDEAO (Comunidade Económica de Estados da África Ocidental) — ter sido nomeado um Presidente, Serifo Nhamadjo, e um primeiro-ministro, Rui Barros, foi esta semana anunciada a equipa ministerial para uma fase de transição de um ano.
Faustino Imbali chefiou um governo de Kumba Ialá, Presidente de 2000 a 2003 e líder da principal força da oposição, o PRS (Partido da Renovação Social). Na pasta do Interior surge outro membro do partido, Suka Ntchama. “É quase tudo gente de Kumba. Ele é a cabeça pensante”, comentou ao PÚBLICO Xavier Figueiredo, director do boletim África Monitor, segundo o qual o ex-chefe de Estado vetou o nome proposto pela Nigéria para a chefia do executivo: Paulo Gomes, antigo quadro do Banco Mundial, próximo de Nhamadjo.
Para a Presidência do Conselho de Ministros foi escolhido Fernando Vaz, rosto dos partidos que apoiam o golpe. O executivo de transição integra dois militares, Celestino Carvalho, membro do comando golpista, na Defesa; e Musa Diata, na secretaria de Estado dos ex-combatentes.
A necessidade de reconhecimento e auxílio internacional foi assumida pelo designado poder de transição. “Acho que um dos objectivos, para não dizer o principal objectivo deste Governo, é explicar à comunidade internacional o que se passou e convencê-la para que haja ajudas”, disse Faustino Imbali, citado pela Lusa. “A comunidade internacional não dispõe de todas as informações”, acrescentou.
A falta de ajuda externa é um problema sério para um país muito dependente, quase parado desde o golpe de 12 de Abril, que afastou o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Gomes Júnior — líder do principal partido, o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde). O corte para metade dos subsídios dos titulares de cargos públicos foi uma das primeiras medidas anunciadas por Nhamadjo, um dissidente do PAIGC.
“Vão ter muita dificuldade em ser reconhecidos”, considera Xavier Figueiredo, que vê na designação de um governo uma “etapa muito transitória”, destinada a permitir ao poder golpista fazer mais à frente “concessões mas não integralmente”. “O isolamento vai-se acentuar, porque sem ajudas é difícil resolver os problemas da governação”, prognostica. Um cenário, admite, seria a obtenção de ajudas directas do narcotráfico, mas isso criaria “problemas graves de reputação” aos actuais detentores do poder em Bissau.
Para o director do África Monitor, a resolução do Conselho de Segurança da ONU aprovada na semana passada inclui um dado que pode revelar-se importante na busca de uma solução: retira à CEDEAO o exclusivo na condução do processo e apela ao secretário-geral, Ban Ki-Moon, para que harmonize as posições daquela instituição — que já foi acusada de favorecer os golpistas — com as da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), da União Europeia e da União Africana. “Parece-me que vai haver uma alteração no modelo de acompanhamento”, afirma. A organização lusófona reclama o regresso de Pereira e Júnior ao poder.

22 de maio de 2012

A futuridade do Espírito Santo

“Valioso para mim é a noção de que o que importa não é tanto educar, mas evitar que os seres humanos se deseduquem. Cada pessoa que nasce deve ser orientada para não desanimar com o mundo que encontra à volta. Porque cada um de nós é um ente extraordinário, com lugar no céu das idéias...
Seremos capazes de nos desenvolver, de reencontrar o que em nós é extraordinário e transformaremos o mundo.”

"Há muita gente que julga que a cultura é falar francês, dançar bem, ouvir música e ter visitado exposições de pintura. Isso talvez fosse a cultura de outras épocas, mas hoje não. Hoje temos que tomar cultura no sentido geral, mais próximo e no mais concreto da vida. Cultura, no fundo, é a maneira de ser de cada um. Exatamente como todos nascemos, com tais características, e o que acontece depois na vida é que se vai destruindo muitas dessas características e como eu costumo dizer, quase todas as pessoas morrem sem nunca ter vivido... viveram uma vida emprestada, viveram a vida dos outros.

Assim como nós fisicamente, nos cinco bilhões de pessoas, não há dois iguais por fora, no feitio do nariz ou na cor dos olhos, da mesma maneira não há duas pessoas iguais por dentro. As pessoas todas são diferentes. De maneira que a vida certa (do universo) do mundo inteiro seria que cada um pudesse viver a sua vida e cada um dos outros pudesse ter esse espetáculo extraordinário de ver pessoas diferentes à sua volta e não como tantas vezes acontece, sobretudo em pessoas que gostam de mandar nos países, achar que deve ser tudo igual, e quando aparece alguém diferente se ofendem, acham que está fugindo das regras, saindo da vida que deve ter.

Os meninos devem ser estimulados a desenhar ou a redigir aquilo por que têm interesse, contar a sua história, seja em imagens, no desenho ou pintura, seja redigindo em verso por exemplo. Escolas em que os meninos sejam incitados a fazer poesia e que descobram que afinal, os poetas não são seres extraordinários. Não. Eles foram apenas os que tiveram mais sorte que os outros. Encontraram circunstâncias na vida, na casa em que se criaram, nas escolas em que andaram, na vida material que tiveram que lhes permitiu conservarem-se poetas, ao passo que outros que também nasceram poetas... Porque não existem só poetas de verso. A idéia de que a pessoa tem de se dizer poeta porque faz verso, não é verdade. Poeta é aquele que cria na vida alguma coisa que na vida não existia. Não existia aquele poema, ele criou, pronto, é poeta. Mas pode ser uma música que ele compôs, um bailado por exemplo. Pode ser qualquer experiência de Química ou de Física que não se tenha feito. Qualquer avanço da Matemática, por exemplo, que conseguem.

Em Portugal existe um painel no Museu das Janelas Verdes, uma pintura do sec. XV que representa o dia em que se celebrava o Espírito Santo. E o dia em que se celebra o Espírito Santo era o dia em que o povo português dizia aquilo que queria. Sabem o que ele queria nesse dia? Que todas as crianças fossem de tal modo livres e desenvolvidas que pudessem dirigir o mundo pela sua inteligência, pela sua imaginação, não propriamente por saberem aritmética ou ortografia, mas por serem eles próprios, porque eram os pequenos, as crianças que deviam dar ao mundo e aos homens, o exemplo do que devia ser a vida. E em segundo lugar eles diziam que a vida devia ser gratuita, que ninguém tinha que pagar para viver e que trabalhar para viver. Que tendo a vida sido dada de graça, era inteiramente absurdo, passar o resto da vida a ganhá-la. E eles então achavam que a vida um dia há de ser de graça para toda a gente.

E ainda uma coisa extremamente importante. Iam à cadeia da terra e abriam as portas para que todos os presos saíssem, para que ninguém mais passasse a vida amuralhado e encerrado entre grades; que viesse para a vida e na vida se retemperasse e na vida renascesse para ser aquilo que devia ser. Era uma anistia talvez. Um sinal de que um dia o crime desaparecerá do mundo..."

Texto adaptado da conferência Namorando o Amanhã, realizada em maio de 1989
na Cooperativa de Animação Cultural de Alhos Vedros - Portugal.

Agostinho da Silva, professor, escritor, poeta e filósofo. Nasceu no Porto em 1906 e fez a passagem em Lisboa, 1994. Possui uma obra extensa em Educação e Cultura Portuguesa e Brasileira. Viveu 25 anos no Brasil, de 1944 a 1969 e aqui deixou muitos discípulos e amigos. Ajudou a criar quatro universidades: na Paraíba, Santa Catarina, Bahia e Brasília onde fundou o CBEP Centro Brasileiro de Estudos Portugueses, muito atuante até 1968 quando a UnB foi invadida pelos militares. Construiu ao longo de sua vida uma obra luminosa e revolucionária de luta pela educação e a cultura.

http://www.agostinhodasilva.pt/

19 de maio de 2012

Entrevista com Eduardo Galeano 10 de Maio 2012 RTP2

Ganhem meia hora de inteligencia e sensibilidade
tanta verdade, tanta simplicidade, tanta evidência
que só seres "sentipensantes" como Galeano
podem apreender de uma forma tão aguda e límpida.
Uma alocução inesquecível!

11 de maio de 2012

DEMOCRACIA

Cabo Verde passa Portugal no índice do Economist Intelligencepor Lusa Cabo Verde é o país lusófono mais democrático, tendo ultrapassado Portugal no último ano, revela o Índice da Democracia 2011, do Economist Intelligence Unit, que coloca Angola e Guiné-Bissau entre os piores.O índice, realizado pelo serviço de investigação da revista "The Economist", vai na quarta edição e avalia as democracias de 165 estados independentes e dois territórios, colocando-os em quatro categorias: democracias plenas, democracias com falhas, regimes híbridos e regimes autoritários.
Segundo o relatório, Cabo Verde é o 26.º país mais democrático e o primeiro na categoria das democracias com falhas, sendo seguido de Portugal.
Os dois países trocaram de posição, já que em 2010 Portugal era o 26.º e Cabo Verde o 27.º.

Num total de 10 pontos possíveis, Cabo Verde obtém 7,92 (menos duas décimas do que em 2010), o que resulta de uma avaliação baseada em cinco critérios:
processo eleitoral e pluralismo (9,17 pontos), funcionamento do governo (7,86), participação política (7,22), cultura política (6,25) e liberdades civis (9,12).
Cabo Verde é referido como um dos seis países da região da África subsaariana onde as eleições são consideradas livres e justas, juntamente com o Botswana, o Gana, as Maurícias, a África do Sul e a Zâmbia.
Entre as democracias com falhas surgem ainda Timor-Leste, que se manteve no 42.º lugar, e o Brasil, que desceu da 47.ª para a 45.ª posição, ex-eaquo com a Polónia.
Timor-Leste teve uma classificação global de 7,22 (igual a 2010), com 8,67 no processo eleitoral e pluralismo, 6,79 no funcionamento do governo, 5,56 na participação política, 6,88 na cultura política e 8,24 nas liberdades civis.
Já o Brasil teve 7,12 (igual a 2010) de classificação geral, com 9,58 no processo eleitoral, 7,50 no funcionamento do governo, 5,00 na participação política, 4,38 na cultura política e 9,12 nas liberdades civis.
Moçambique, que desceu do 99.º para o 100.º lugar em 2011, é o único país lusófono entre os regimes híbridos e obteve um total de 4,90 pontos (igual a 2010), distribuídos entre o processo eleitoral (4,83), funcionamento do governo (4,64), participação política (5,56), cultura política (5,63) e liberdades civis (3,82).
Entre os países classificados como sendo regimes autoritários surgem Angola, que desceu do 131.º para o 133.º lugar, e a Guiné-Bissau, que se manteve no 157.º.
O processo eleitoral e pluralismo angolanos obtiveram 1,33 pontos, o funcionamento do governo 3,21, a participação política 4,44, a cultura política 4,38 e as libertades civis 3,24, o que resulta numa classificação global de 3,32, igual à do ano passado.
Angola é ainda um dos 40 países que registaram uma deterioração da liberdade de imprensa, revela o relatório.
Com um total de 1,99 pontos (igual a 2010), a Guiné-Bissau recebeu uma classificação de 2,08 no processo eleitoral, 0.00 no funcionamento do governo, 2,78 na participação política, 1,88 na cultura política e 3,24 nas liberdades civis.
O Índice da Democracia não refere São Tomé e Príncipe.

BRASIL COMEMOROU O DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA



Brasília comemorou no último sábado (5) 
O Dia da Língua Portuguesa e das Culturas nos Países membros da CPLP, 
durante encontro promovido por 
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, 
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste,
evento que teve como anfitrião o embaixador de Portugal
 Francisco Ribeiro Telles.
O embaixador português se posicionou pela importância da data,
comemorando também seu primeiro ato oficial naquela embaixada, 
lembrando que a língua portuguesa está em franca expansão
"Hoje foi um dia de grande satisfação, por ser meu primeiro ato oficial, 
aqui na Embaixada, 
e que ele tenha sido realizado no Centro Cultural (Camões), 
com a colaboração de todas as embaixadas da CPLP", explicou.
Entre as manifestações artísticas foram mostradas no palco poesia, dança e música. 
O estudante angolano Afonso Daniel 
deu início às apresentações, recitando uma poesia, 
seguido de outros estudantes
 e até de diplomatas, 
como Joaquim Comboio, Patrícia Cadeiras e Domingos de Sousa. 
Todos os poemas apresentados fazem parte do livro 
que está sendo preparado pela Fundação Palmares 
– “Antologia Literária dos Países de Língua Portuguesa”, 
que deverá ser publicado ainda este ano.
Depois, foi a vez de dois jovens angolanos 
darem mostras da dança que está revolucionando os brasileiros, 
pelo seu ritmo contagiante: o kuduro. 
Por último, foi a vez da música de Moçambique encantar os presentes, 
com a Marrabenta de Faney Mfumo, 
e depois o repertório diversificado da cantora Monica Ramos, 
mostrando parte do show “Luz Afro Brasil”, que ela está apresentando em Brasília.

O presidente da Fundação Palmares, 
vinculada ao Ministério da Cultura, em Brasília, Eloi Ferreira de Araújo, 
falou da instituição como ponte cultural com a África.
 "Esse encontro é oportuno, especialmente, porque apresentamos aqui o projeto 
‘Antologia Literária dos Países de Língua Portuguesa’, 
que reúne não só a antologia literária do Brasil, 
mas também de todos os países da língua portuguesa. 
Será mais um traço de união entre esses países", garante Eloi,
 reforçando que o livro vai estimular que a língua portuguesa
 ganhe mais força em todo o mundo.
Quanto à importância do livro para os países lusófonos, 
Eloi não tem dúvida. 
“A Antologia dos países da língua portuguesa que a
 Fundação Palmares está empenhada em organizar, 
com autores e autoras dos países da CPLP, da poesia e da prosa, 
vai ao encontro desse desafio de fazer com que esse idioma, 
que hoje já é falado por mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, 
alcance, ainda, essa pujança de juntar sentimentos que são bons”, 
disse o presidente da instituição.
O secretário de Cultura do Distrito Federal, Hamilton Pereira da Silva,
 destacou o encontro como um momento 
em que nos reunimos sob a base que nos unifica, 
que é a língua portuguesa.
 "Vivemos aqui, com esse evento, um momento muito singular e muito rico,
 porque tivemos essa percepção da unidade da língua e da diversidade cultural, 
assim como a capacidade que a língua tem de ser flexível, 
e de dar harmonia e possibilidade de comunicação. 
Estou muito feliz com o que vi aqui”, afirmou o secretário.
Encontro de embaixadores
Para o embaixador de Portugal, Francisco Ribeiro Telles, 
foi muito importante a apresentação do projeto da Fundação Palmares,
 que deve ser bastante acarinhado, 
pelo fato de estar fazendo um papel que até então não havia sido ocupado. 
"Afinal de contas, é a riqueza cultural de cada um, 
em nível da escrita, da prosa e da poesia. 
A Fundação Palmares cobre, de fato, esse vazio.
 Esse projeto é muito interessante 
porque permite que possamos ter conhecimento
 das especificidades de cada país em prol de um objetivo comum. 
Esse é o grande mérito desse projeto", disse o embaixador.

Para o embaixador de Angola, Nelson Cosme, 
a comemoração da data foi mais um passo para o reencontrar da história, 
de uma vivência singular, e de reunir o que nós partilhamos durante vários séculos. 
"Acho que esse dia também 
nos permite refletir e perspectivar o futuro desta nossa comunidade, 
destas nossas conexões lusófonas e conexões atlânticas", comentou o angolano.

Murade Isaac Miguigy Murargy, embaixador de Moçambique, 
falou na mesma linha. 
“Esse momento é importante para nós porque solidifica a união 
e a solidariedade dos povos que falam a mesma língua", disse.
O diplomata moçambicano foi mais longe. 
“A língua é um elemento que procura transmitir muitos sentimentos
 e através desses sentimentos
 a gente se encontra inclusive na poesia.
 Esse evento nos marcou muito,
 foi muito emotivo,
 porque houve uma pequena expressão cultural de cada um de nós
 que viu que em muitos elementos somos iguais ou parecidos.
 Temos muita coisa em comum 
e temos de explorar essas coisas em comum, 
deixando as diferenças de lado,
 mas ressaltando tudo que é bom, tudo que é cultural", explicou.
A embaixadora da Guiné-Bissau, Eugênia Pereira Saldanha Araújo, 
disse que o encontro dos países lusófonos, nessa data, 
foi muito significativo para a cultura portuguesa, 
porque um dos princípios da CPLP é a divulgação da língua portuguesa.
 "Acho que os nossos países, como todos sabem, 
têm trabalhado imensamente para cada vez mais estreitar os laços da cooperação
 e cada vez mais trabalhamos a nossa própria língua que também nos une.
 Ela é o veículo fundamental que nos proporciona uma melhor forma de comunicação 
e de exteriorizarmos todos os nossos sentimentos".
 A embaixadora não esqueceu o acordo ortográfico. 
“Ele também é um instrumento muito importante para uniformizarmos, de fato, a linguagem. 
Em alguns países já foi aprovado.
 Na Guiné-Bissau já foi aprovado no parlamento, mas ainda não entrou em vigor”.
Para o embaixador de Cabo Verde, Daniel Antonio Pereira, 
essa comemoração é uma forma forte de conferir visibilidade à CPLP no Brasil. 
"Pouca gente conhece a CPLP. 
Se perguntarmos a um brasileiro ele não sabe o que é a CPLP. 
Então, precisamos dar 
mais visibilidade a essa organização 
que fala português em quatro continentes", declarou.
O embaixador de Timor-Leste, Domingos de Sousa, 
exaltou as apresentações da cultura dos países lusófonos, 
como uma oportunidade de mostrar que a cultura portuguesa modificou muito esses países. 
"Espero que continuemos a trabalhar nesta interação 
e este ano a comemoração teve um significado muito especial,
 porque foi muito bem organizada.
 Em pouco tempo tivemos uma apresentação muito substancial", comentou.
Fonte: CPLP//BUREAU POLCOMUNE.

5 de maio de 2012

Projeto Antologia Literária dos Países de Língua Portuguesa

Por Drielly Jardim
No dia 5 de maio, data em que é comemorado o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a Fundação Cultural Palmares (FCP), em parceria com as Embaixadas dos países pertencentes à CPLP, apresentará o projeto de publicação ‘Antologia Literária dos Países de Língua Portuguesa’. O evento será realizado na Embaixada de Portugal, a partir das 9h30.
A Antologia, que reunirá textos em verso e prosa de quatro autores de cada país da CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor-Leste), tem como objetivo a valorização cultural e o resgate das culturas no campo da literatura de língua portuguesa manifestada por brasileiros, africanos, timorenses e portugueses.
De acordo com o presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, “ a Antologia será mais um traço de união entre os países de língua portuguesa”, destaca. O coordenador geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC) da FCP, Carlos Moura, explica que a publicação é muito importante porque o Português está na América do Sul, na África, na Ásia e é preciso que haja um maior intercâmbio, não só do ponto de vista do idioma, mas também para propiciar a participação dos povos de língua portuguesa no cenário internacional.
Durante o evento, muita música e poesia marcarão as apresentações culturais típicas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Serviço:O quê: Lançamento do Projeto Antologia Literária dos Países de Língua Portuguesa
Quando: 5 de maio, às 9h30
Onde: Embaixada de Portugal – Setor Embaixadas Sul, Avenida das Nações, Quadra 801 – Lote 2, Brasília – DF
Ate: Alessandro Naves Resck / FCP

1 de maio de 2012

INSPIRAÇÃO E TRANSPIRAÇÃO




Perguntaram-me  numa escola em Brasília:
“Como se faz um bom livro?”
Eu sorri, sala cheia, jovens de 20 anos.
Sabia de cor a resposta de Somerset Maugham:
“Há três regras para se escrever um bom livro.
Infelizmente, ninguém sabe quais são.”
Porque escrever não tem receita. Tem inspiração sim.
Mas tem muito trabalho. “Transpiração”, disciplina.
Há que começar a faina diária mal rompe a aurora.
Todos os dias, todos.
E ler, muito. Reler. Ler mais. Sempre. Até o último suspiro.
Se pararmos de ler, vamos morrer.
O aprendizado da escrita é misterioso.
“O processo de aprender a escrever é desanimador porque é inexplicável”,
afirma Alberto Manguel.
Ele complementa: “A leitura é uma atividade pela qual os governos
sempre manifestaram um limitado entusiasmo”
É claro. A leitura abre os espíritos.
A literatura “revela”.

(Roda de leitura, professora Ieda Villas-Boas)

A verdade liberta.
Com ela no seu coração,
você não votaria mais por ter recebido uma esmola,
um saco de cimento ou algumas telhas.
Ler sempre incomoda os ditadores, os napoleões tupiniquins,
desagrada os poderosos, os idiotas e medíocres de plantão.
E, no geral, eles estão nos órgãos ditos culturais,
com o seu vasto número de funcionários entediados,
seus burocratas mesquinhos e seus lanches vespertinos,
suas panelinhas burlescas,
que querem camuflar o seu enorme vazio
com roupas chics ou retóricas e preciosismos.
Não enganam.  Não adianta.
São figuras que merecem a piedade.
Serão varridos por qualquer vento sul.
Podem receber prebendas, se acham “sérios”,
às vezes assinam colunas diárias.
Mas serão sempre figuras menores:
aquelas que morrerão sem a solidariedade de si mesmas.
Manguel lembra que Pinochet proibiu “Dom Quixote”, de Cervantes.
Lógico, o leitor lendo Quixote descobriria a alma nazista
do facínora sanguinário que foi o ditador chileno,
uma besta do Apocalipse sul-americano.
Penso no que disse um republicano espanhol (pai de um escritor)
que passou muitos anos numa prisão política:
“Até na cadeia vocês serão mais felizes se gostarem de ler.”
(Emanuel Medeiros Vieira)