31 de dezembro de 2014

Holograma, de Artur Alonso Novelhe



O corpo atenua a dor,
certamente
mesmo assim temos chegado a um ponto de dano irreversível.
Tu admiras um rosto na fotografia,
ela luta, pela contra, contra a glória longe de seu país
sonhando sua morte com honorável virtude
e, aureamente,
os anciãos nahuatl bailam na lua que reflete o jasmim
aguardando extrair seu êxtase.
O corpo atenua a dor,
bebendo sonhamos ser livres,
e
o fuzil semeia medo sobre um temor
da verdade ser, em verdade, um impossível.
Mulheres humildes do povo Yazadi caminham descalças
sem tempo a reparar
que para migrar cumes gelados deverão atravessar
acima da fronteira invisível – arames farpados, e
os meninos fogem quando o homem pergunta no hospital
pelas câmaras onde acumulam –sem nome- valiosos vultos:
barrigas, pernas, orelhas e demais,
que ainda ontem se ouviram pronunciando devagar
no passeio flores, com borboletas, e árvores de natal,
em dias ativos, o frio invernal solstício.
Agora as casas são de cinza, colmo e algum lençol,
com presépios improvisados em forma de aparentar
vidas cheias de falsas denúncias.
Lamento.
Estai atentos, o corpo aguenta,
o cérebro não
e o espírito esta a mudar à alma
pela cobiçosa despesa.
Depressa, depressa! Alguém acaba de transpassar
A vala que divide o Norte da pobreza!

Nenhum comentário: