4 de agosto de 2012

Relembrando passados que não se apagam


Foi há 50 anos que um comando liderado por Palma Inácio desviou um avião comercial da TAP e lançou sobre Lisboa milhares de panfletos antifascistas

A Associação Promotora do Livre Pensamento vai celebrar, no próximo dia 10 de Novembro, os 50 anos da “Operação Vagô”, o nome do golpe revolucionário liderado por Hermínio da Palma Inácio que desviou um avião comercial da TAP e lançou sobre Lisboa e outras cidades nacionais mais de 100 mil panfletos de oposição ao regime de Salazar.


Lisboa, 3 de Novembro de 2011 – A Associação Promotora do Livre Pensamento vai organizar, no próximo dia 10 de Novembro, um Jantar/ conferência comemorativo dos 50 anos de uma das mais importantes e arrojadas acções da oposição antifascista em Portugal: o desvio de um avião comercial da TAP com destino a Casablanca, golpe liderado por Hermínio da Palma Inácio com o objectivo de lançar sobre algumas cidades portuguesas, nomeadamente Lisboa e Faro, mais de 100 mil panfletos contra o regime salazarista. O jantar/ conferência contará com a presença de alguns dos participantes no desvio do avião, que 50 anos depois recordarão os momentos mais intensos que viveram durante a denominada “Operação Vagô”, que ficou para a história como o primeiro desvio de um avião comercial de que há registo.

No dia 10 de Novembro do ano de 1961, um comando de antifascistas portugueses apoderou-se do avião CS-TLF, Lookheed 1049-C da linha da TAP Lisboa/ Casablanca. O comando era constituído por Hermínio da Palma Inácio (38 anos), Camilo Mortágua (27 anos), Amândio Silva (23 anos), Maria Helena Vidal (21 anos), Fernando Vasconcelos (21anos) e João Martins (26 anos).

O avião descolou do Aeroporto de Casablanca, em Marrocos, às 9h15. Pelas 10h, 45 minutos depois de ter levantado voo, Palma Inácio e Camilo Mortágua irromperam armados na cabine de comando, onde se encontrava o piloto no seu posto de navegação. Intimaram-no a obedecer-lhe, declarando-lhe que pretendiam sobrevoar a baixa altitude Lisboa, Barreiro, Beja e Faro e lançar sobre estas cidades panfletos contra o regime. O destino final seria Tânger, onde pediriam asilo político às autoridades Marroquinas.

O comandante Marcelino, que pilotava o avião, bem como toda a tripulação, cumpriram rigorosamente as instruções de Palma Inácio, chefe do comando, garantindo a segurança do avião e dos passageiros. Os passageiros só se aperceberam da situação quando o avião aterrou em Tânger e foram informados por Amândio Silva, membro do comando, que “acabaram de participar numa operação contra a ditadura”.

Na opinião do professor Luís Vaz, presidente da Associação do Livre Pensamento, “este acontecimento histórico insere-se no contexto da luta anti-fascista e secunda outras intervenções levadas a cabo pela oposição democrática, nomeadamente o ‘Movimento da Sé’, em 11 de Março de 1959, ou o assalto ao paquete "Santa Maria", em 23 de Janeiro da 1961, que marcaram o princípio do fim do regime ditaturial. A APLP, que tem como fim a sensibilização de actos cívicos junto dos cidadãos e dos poderes democráticos instituídos, não pode deixar de comemorar o 50º aniversário de um acontecimento que contribuiu decisivamente para restituir ao Povo português os seus direitos de cidadania.”

Para além da presença como orador do professor Luís Vaz, o jantar/  conferência contará com a importante presença de Camilo Mortágua, Amândio Silva e João Martins, três dos heróis antifascistas que participaram, há 50 anos, no desvio do avião CS-TLF. O evento terá lugar no dia 10 de Novembro, pelas 20 horas, no restaurante “Forno do Alfarrabista”, situado no Beco dos Cavaleiros, perto do Martim Moniz.

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