Se eu chegar a ser dum Outro
mas de mim não me perdendo
e esse Outro todos os outros
que comigo estão vivendo
não só homens mas também
os animais e as plantas
e os minerais ou os ares
e as estrelas tais e tantas
terei decerto cumprido
meu destino e com que sorte
para gozar de uma vida
já ressurrecta da morte.
Agostinho da Silva, Uns poemas de Agostinho. Lisboa, Ulmeiro, Abril 1989
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