6 de outubro de 2011

O fortalecimento de elos entre Brasil e Moçambique



por Mariano Pedroza 
Formador de terapeutas comunitários moçambicanos.

A partir de Nampula, é sempre possível redescobrir o conteúdo e a razão do gesto de mergulhar experiências do Brasil no Oceano Índico, recontactar com aquela atmosfera de pura África de mãos dadas com a Índia, os olhos se abrindo de espanto à influência de Goa, principalmente quando, deixando o continente em frente à Nampula, descobrimo-nos na Ilha de Moçambique e passamos a respirar História e sentimos em torno do corpo e, sobretudo, da alma, um suave abraço de liberdade. Aprende-se, ali, um novo sentido para a convivência e a força de um importante impulso de integração e de “entregação” para seguir no caminho enriquecido outrora por semente lusa, ibérica.
Nesse estado de busca e anseio, alcança-nos o sopro do Professor Agostinho da Silva: “Seria de todo o interesse que Maputo e Goa verificassem as possibilidades de um entendimento que falhou entre Lisboa e Dehli.”. Respira-se, então, a atmosfera resultante desse encontro e segue-se contemplando e refletindo, pelas ruas mágicas da Ilha de Moçambique, inspirado pelo exemplo, mais do que pela palavra, do Professor que sonhou e contribuiu para fortalecer pontes entre pessoas e povos. Mestre Agostinho insistia: “... não importa que tudo demore, que se levem séculos se for necessário... loucura nenhuma pode ser negada como acerto para o futuro”, e sabemos que o futuro visualizado por Agostinho é de harmoniosa convivência, de diálogo entre as civilizações, o que se repete hoje (e se perspectiva): um futuro de Paz.
Quando iniciado o trabalho que me trouxe a Moçambique, já suspeitava que o que me fazia cruzar o Atlântico era uma missão agostiniana. Familiarizado já estava com o Professor e suas conversas desde a infância ainda no Brasil, aliás, conversas complementadas com os encontros quando habitávamos a Ilha de Gorée, em tempos de exílio, e com as gentilezas do Professor no Abarracamento de Péniche, em Lisboa e, também, em Porto, Évora, Portalegre, Riguengos, Monsaraz. 



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Este artigo encontra-se na página 57.

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