As
canéforas de Tomar
Ou a
“Festa dos Tabuleiros de Tomar”
Ou ainda a Festa em honra do Divino Espírito Santo,
que teve lugar no passado fim de semana naquela
cidade, que foi sede da Ordem dos Templários em Portugal, a cuja extinção o rei
D. Dinis se opôs, negociando com o Papa, entre 1300-1309, logrando transformá-la
em Ordem de Cristo e salvando os Templários.
Muitos ignoram que
foram os Templários que introduziram em Portugal o culto ao Divino Espírito
Santo, cerca de 1180, culto esse que a Rainha Santa Isabel, esposa de D. Dinis,
depois apadrinhou e patrocinou. E tal devoção foi levada para o Brasil, onde
até existe um estado que se chama precisamente Espírito Santo, existindo também
tal culto no estado de Stª Catarina, devido aos nossos emigrantes açorianos, e
no da Bahia.
Uma ilustre professora
universitária de Brasília, de quem tenho a honra de ser amigo, Lúcia Helena
Alves de Sá, que foi discípula de Agostinho da Silva, acaba de me remeter um
bonito e expressivo poema de Cecília Meireles, bem a propósito e que passo a
transcrever:
"Festa dos Tabuleiros de Tomar"
As canéforas de Tomar
levam cestos como coroas,
como jardins, castelos, torres,
como nuvens armadas no ar.
Estas gregas do Ribatejo,
nesta procissão, devagar,
não são apenas de Tomar:
são as canéforas dos tempos...
Para onde vão, com o mesmo andar
de milenares portadoras,
levando pão, levando flores,
as canéforas de Tomar?
Para que sol, para que terra,
para que ritos, a que altar,
as canéforas de Tomar
os primores do mundo levam?
O pombo cristão vem pousar
no altar dos cestos: pães e rosas
ides dar aos presos e aos pobres,
as canéforas de Tomar?
(poema incluído na obra Poemas de Viagem)
Nota: ‘canéfora’
é uma palavra antiga que significa figura humana esculpida, representando uma
mulher com uma cesta à cabeça ou mulher que carrega cestos, tal como sucede em
Tomar, em que as jovens carregam à cabeça um tabuleiro com a altura de cada uma
delas.
Publicado no blogue ‘Brutus’ do site www.sol.pt
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