O universo inteiro cabe numa palma de
mão,
Cabe num fio do cabelo do velho
cirandeiro,
No veludo da mais fina folha da grama
do chão
Que cresce no mais insignificante e
comum canteiro,
Cabe nas notas de um arrulhar de pombo
doente,
Dentro da garganta de uma rã que
salta sem saber,
Nas flores de uma sucupira, no calor
do Sol mais quente,
Nas pedras de uma baladeira, na dor
que só sabe doer.
Cabe no espinho colorido dos pelos
das costas da lagarta,
Nas ventas em movimento do focinho de
um jumento,
Nas gotas frias da chuva que vem no
meio da noite aberta,
Na coberta que, pra aquele que sente
o frio, dá acolhimento.
O Universo, e tudo que existe nele
cabe tanto em tudo,
Em toda beleza que se canta e se
cantou em toda diversidade,
Que cabe até nesta nossa esperança de
ver o tempo fecundo
Da gentileza que possa se espalhar
por campos e cidades.
E que então, possamos sonhar o Amor
mais amplo e diverso,
Fazendo, como é de seu gosto, brotar
os brotos da alegria,
Germinar nas pequenas coisas o mais
infinito universo,
Nascer a mais linda eternidade com o
mais simples nascer do dia.
Porque o sonho é agora fazer que o
que cabe em tudo possa caber,
Nos templos da nova religação que tem
a ilusão de que não ignora,
Mas que sonha acordada que do
infinito possa de tudo sempre saber,
Mesmo quando a constante contradição
ao ignorar sempre aflora,
Neste lugar, que pela persistência há
de por fim ver nascer e crescer
A Universidade e seu compromisso
eterno com o futuro, agora!
Viva Agostinho, e seu legado de
compromisso com o Espírito Puro,
Que se deita nas sombras de
Jacarandás, junto com Baobás e Nogueiras,
Porque “O que é verdadeiramente
tradicional é a invenção do futuro”
A sonhar que na Universidade só o
conhecer possa não conhecer fronteiras.
Chico Nogueira
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