10 de abril de 2011

Léo Arlé na Galeria da CAS

Em torno de Léo Arlé: Ele Próprio o artista


Minhas mãos incansáveis à procura de minha expressão de arte... Exemplaridade de sonho, a arte me produzindo... E eu a ela íntimo de suas curvas e cores...

Percebi muito cedo a importância de minha produção. Divulgá-la é uma confissão de compartilhamento com o estudante de arte. Arte da minha experiência feita silenciosamente entre acertos e erros.

Minhas ideias são acionadas quando, diante da natureza, fico em átimo de silêncio. E é nesse instante que nasce o gesto simples que me faz acreditar que logo após a palavra o que importa é a forma: a cor me põe diante do êxtase. O traço dirigido obedece a razão. Eu, na condição de receptor, fico entre o fazer ou não fazer, dizer ou não dizer. Eis que optei por dar continuidade a minha arte e dela fazer refletir o meu tempo e a minha geração entranhada na dureza de um período autoritário e de repressão de ideias.

Acostumei-me a trabalhar em silêncio sem hastear a bandeira. Apenas usei instrumentos eficazes como: tintas, pincéis, lápis e, por vezes, recorria aos meus textos analítico-poéticos. Fiz-me assim ourives de minha arte. Mãos a traçar a linha invisível do pensamento. Pensamento que penetrou o imaginário das curvas, das cores, do abstrato do desenho, da tela vibrante de matizes já antecipados pela poesia da razão. Isso foi tudo.

Desenhei compulsivamente, fiquei cercado de livros de Arte. Vi e revi conceitos e acreditei em minhas mãos. Continuo abrindo caminho e abafando um vocabulário ultrapassado. Busco e sinto urgentemente a necessidade de um texto condizente com meu processo criativo. Quando digo urgentemente, é um fato. Ao recorrer ao passado, percebo a luta e o embate entre o desenho e a pintura. Em data remota, sempre me identifiquei com a cor.

Na paisagem fiquei perto da representação real. Na alquimia das cores rompi e deixei manifestar a mancha encharcada da aquarela. Meu olhar já não era mais de observador e, sim, de um buscador do buscar que me exigia disciplina e simplicidade do traço. E tudo é uma resposta ao meu apelo interior.

Indagações! ...

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