Cabo Verde é um país profundamente mestiço, onde as culturas em presença, com ganhos e perdas, acabaram se amalgamando em autêntica osmose. Brancos e negros se reconheciam nas culturas de uns de outros de manaeira desinibida.
Este processo deu origem a uma nova cultura, a crioula, base da existência de uma Nação eminentemente cristã e onde sempre predominou o catolicismo.
Na música, por exemplo, bastante rica e diversificada, a marca é a Morna, "considerada expressão da alma de um povo". É conhecida, internacionalmente, a cantora Cesária Évora, uma verdadeira Embaixadora da cultura de Cabo Verde, espelhando essas melodias mundo afora. Mas outros nomes são igualmente expressivos, como Tito Paris, Maria de Barros, Lura, Mayara Andrade...
O território é também identificado como uma terra de poetas. Muito recentemente, em 2009, Arménio Vieira foi agraciado com o Prêmio Camões, a maior e a mais importante em língua portuguesa. Mas existem outros igualmente expressivos, como Corsino Fortes, Osvaldo Osório, Filinto Elísio, José Luís Tavares ou romancistas de renome, traduzidos em diversas línguas, como Germano Almeida, entre alguns mais. Algumas referências mais antigas, designadamente Baltazar Lopes, Jorge Barbosa, Manuel Lopes, estiveram na gênese do movimento literário mais conhecido como Claridade, movimento esse influenciado por escritores brasileiros nordestinos, como Josué de Castro, Ribeiro Couto, Jorge Amado e Manuel Bandeira, para além de muitos outros. A Claridade foi considerada como o grito da independência literária de Cabo Verde.
(Texto recolhido de O livro na rua, Fundação Alexandre de Gusmão e Thesaurus Editora.)
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