23 de junho de 2011

Novas Cartas Baianas

Novas Cartas Baianas
POBRE BAHIA
Por Emanuel Medeiros Vieira


Não, não se enganem com a visão estereotipada e midiática: a Bahia não é só Ivete Sangalo, Daniela Mercury, bandas de pagode e de axé, carnaval, “macumba para turista”, e à pasteurização dos melhores valores.
Essa visão falsa serve ao turismo banalizado e à própria exploração sexual de crianças e de adolescentes.
A real? A BAHIA VERDADEIRA? É a da concentração de renda. Da desigualdade. Da miséria.
(Lógico, há o “sagrado” e a beleza não comercializados – que poucos enxergam.)
Exagero?
Dados divulgados pelo IBGE, de 2010, informam que 2,4 milhões de baianos, ou 17,7% da população do Estado, estão em situação de miséria, pois vivem com uma renda mensal per capita de até R$ 70.
É o Estado com maior contingente de pessoas com essa faixa de renda: 14,8% dos miseráveis do País estão na Bahia, de acordo com informações do site Bahia notícias.
A Bahia é a sétima economia brasileira.
E grande parte de sua população vive abaixo da linha da pobreza.
Os mais pobres temem perder o Bolsa-Família.
Nessa época de São João – festa tão enraizada no Nordeste – lembro do grande sanfoneiro Luiz Gonzaga: uma esmola para o homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão.
A esmola não gera dignidade.
Não querendo ideologizar minha fala, não seria melhor para população do semi-árido baiano e de outras regiões se o governo criasse programas para facilitar o desenvolvimento?
E quando, nos meus textos, insisto na condenação à corrupção, qualificando-a de crime contra a vida, muitos dizem que é visão de pequeno burguês ou de moralismo “udenista”.
É que não conhecem a região.

(Salvador, junho de 2011)

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