16 de junho de 2011

poétiCAS

O Alquimista Kafka*
Emanuel Medeiros Vieira

Franz Kafka (1883-1924),
três quilos mais magro,
enigmático sorriso no canto da boca,
renasceu numa repartição do INSS,
misteriosa demanda. .
O velho Franz esperou em cadeiras mofadas,
“falta um documento” (voz do sub-burocrata mor)
“o carimbo do órgão K”,
Esperou, envelheceu.
Kafka: quieto, longilíneo, gentil e protocolar
(como o seu próprio estilo: cartorário- sutil
relatório para ser lido nas entrelinhas),
contempla uma barata passeando nas bordas
do processo, castelos sonâmbulos,
américas perdidas (inúteis caravelas),

Esperou mais – sorriso insubornável,
Franz Kafka retira-se –
plagas que não conhecemos.

*Este poema obteve o 3° lugar – concorrendo com
mais de 700 trabalhos em evento de âmbito
nacional – no III Varal de poesias da
UNIFAMMA – Faculdade Metropolitana de
Maringá, Paraná, 2008.

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