direi a coisa correta
quem é mesmo criador
cria poema e poeta.
Olá meus filhos libertos
Álvaro Reis e Caeiro
que sorte foi para vós
vosso pai não ter dinheiro.
POEMA QUE PESSOA NUNCA PÔS NA ARCA
De Álvaro sei como sei
desse latim do Ricardo
do pensamento de Alberto
luz incerta um gato pardo
sei de algum outro tão bem
como ele sabe de mim
e de quantos sei ainda
metidos na arca sem fim
e de Bernardo esquisito
como espelho em mim cravado
se se quebra me quebro eu
mas sangue só de meu lado
sei com todo o pormenor
de tudo o que me nasceu
sei de toda a criação
só não sei o que sou eu.
(Textos recolhidos de SILVA, Agostinho da. Do Agostinho em torno do Pessoa. Lisboa:Ulmeiro, 1997.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário