UMA TROMBADA DO MEC
AFRONTA O BRASIL
José J Peralta
O texto do senhor SL parece apenas mais um “samba do crioulo doido”, de tão incoerente e frágil como se apresenta.
Apesar de seu propalado doutorado em linguística, sinto dizer-lhe que, no caso em pauta, os não linguistas, (alguns), a que se refere, sabem muito mais o que estão falando do que ele. Efetivamente, nós linguistas, não temos e nem pretendemos ter o monopólio da ciência da linguagem humana, até porque esta tem razões que própria razão desconhece.
Linguista que desconhece o capítulo “Sistema, Norma e Fala” tem grave falha em formação científica.
A linguagem é sempre muito mais do que um modelo linguístico, sempre reducionista, como todos os modelos. Não podemos, pois, erigi-lo como uma lei prepotente que tudo resolve. No cientista não cabe a arrogância do dogmático que se posiciona além do bem e do mal..., capaz de dar solução a todos os problemas, contradições e precariedades inerentes à condição humana. A questão de ensino da Língua materna é uma questão nevrálgica que interessa a toda a nação, onde os “linguista” são uma parte mínima a ser ouvida, sempre criticamente, rejeitando rolos compressores, sempre autoritários. Sem dogmatismos prepotentes e às vezes terroristas...
O linguista, se tiver uma visão holística sempre pode dar boa contribuição. Os dogmáticos e de visão meramente descritiva atuam em campo muito limitado. O saber da linguagem humana, escrita ou falada, portanto duplamente articulada, passa pela linguística descritiva, mas passa também pela gramática normativa, pela semiótica, pela sociologia, pela psicologia, pela Política da Língua e muito mais. Refiro-me a Política, com P maiúsculo.
Os grandes mestres Antônio Houaiss, Celso Cunha, entre outros, conheciam bem a questão, hoje, por muitos esquecida.
Querer sair a campo como tutores do ensino da Língua materna, sem ouvir, com respeito, outros especialistas, é, no mínimo, um acinte e um contrassenso.
A língua, além do capítulo de Linguística descritiva formal, tem dimensões semânticas, estilísticas, psicológicas, políticas, culturais etc, etc. Até a dimensão econômica que não há como descartar. Não dá para ter atitudes simplistas, em um assunto tão complexo e fundamental num pais civilizado, tal qual vem acontecendo.
Olhar uma só dessas dimensões é miopia. Pode levar a graves consequências. Falar do ensino de Língua Materna não é questão para neófitos de parca visão sócio-político-cultural.É um acinte criticar jornalistas e escritores por darem sua opinião nesta questão tão séria, qual seja: o MEC intervém de modo irresponsável e atabalhoado no ensino da Língua Portuguesa no Brasil.
Os autores citados pelo senhor SL, (Mônica, Tezza, Garcia, Lacerda e Buarque) não são, certamente, os pensadores mais avalizados para tratar sobre a questão em pauta do ponto de vista lingüístico . São pessoas avalizadas, como pensadores, como formadores de opinião e como cidadãos respeitáveis.
Neste caso ninguém tem o Monopólio do saber. O que não podemos deixar de saber é que há muitos outros lados da questão que não podem ser esquecidos ou que podem ser tratados em outros parâmetros e com outros paradigmas.
A Língua falada por um povo, devidamente normatizada, passa pelos modelos linguísticos, mas vai muito mais além, entrando nas questões de Política da Língua, tornando-a uma das forças matriciais da unidade e da soberania nacional.
Querer expor ideias esdrúxulas, de alguns dos autores citados na bibliografia, como se fossem a última palavra, seria, efetivamente, uma tragédia cultural. Pois foi nessa canoa furada que o MEC embarcou, ingenuamente (?!), cometendo um dos piores erros do MEC dos últimos tempos. Um erro primário, ofensivo a tantos pensadores, também linguistas e de outras esferas do conhecimento, que trataram este assunto com a maior seriedade e respeito. Voltarei ao assunto em breve. Aguarde.
[Nota: Este texto é um comentário a um artigo publicado no site http://casaagostinhodasilva.org ]
AFRONTA O BRASIL
José J Peralta
O texto do senhor SL parece apenas mais um “samba do crioulo doido”, de tão incoerente e frágil como se apresenta.
Apesar de seu propalado doutorado em linguística, sinto dizer-lhe que, no caso em pauta, os não linguistas, (alguns), a que se refere, sabem muito mais o que estão falando do que ele. Efetivamente, nós linguistas, não temos e nem pretendemos ter o monopólio da ciência da linguagem humana, até porque esta tem razões que própria razão desconhece.
Linguista que desconhece o capítulo “Sistema, Norma e Fala” tem grave falha em formação científica.
A linguagem é sempre muito mais do que um modelo linguístico, sempre reducionista, como todos os modelos. Não podemos, pois, erigi-lo como uma lei prepotente que tudo resolve. No cientista não cabe a arrogância do dogmático que se posiciona além do bem e do mal..., capaz de dar solução a todos os problemas, contradições e precariedades inerentes à condição humana. A questão de ensino da Língua materna é uma questão nevrálgica que interessa a toda a nação, onde os “linguista” são uma parte mínima a ser ouvida, sempre criticamente, rejeitando rolos compressores, sempre autoritários. Sem dogmatismos prepotentes e às vezes terroristas...
O linguista, se tiver uma visão holística sempre pode dar boa contribuição. Os dogmáticos e de visão meramente descritiva atuam em campo muito limitado. O saber da linguagem humana, escrita ou falada, portanto duplamente articulada, passa pela linguística descritiva, mas passa também pela gramática normativa, pela semiótica, pela sociologia, pela psicologia, pela Política da Língua e muito mais. Refiro-me a Política, com P maiúsculo.
Os grandes mestres Antônio Houaiss, Celso Cunha, entre outros, conheciam bem a questão, hoje, por muitos esquecida.
Querer sair a campo como tutores do ensino da Língua materna, sem ouvir, com respeito, outros especialistas, é, no mínimo, um acinte e um contrassenso.
A língua, além do capítulo de Linguística descritiva formal, tem dimensões semânticas, estilísticas, psicológicas, políticas, culturais etc, etc. Até a dimensão econômica que não há como descartar. Não dá para ter atitudes simplistas, em um assunto tão complexo e fundamental num pais civilizado, tal qual vem acontecendo.
Olhar uma só dessas dimensões é miopia. Pode levar a graves consequências. Falar do ensino de Língua Materna não é questão para neófitos de parca visão sócio-político-cultural.É um acinte criticar jornalistas e escritores por darem sua opinião nesta questão tão séria, qual seja: o MEC intervém de modo irresponsável e atabalhoado no ensino da Língua Portuguesa no Brasil.
Os autores citados pelo senhor SL, (Mônica, Tezza, Garcia, Lacerda e Buarque) não são, certamente, os pensadores mais avalizados para tratar sobre a questão em pauta do ponto de vista lingüístico . São pessoas avalizadas, como pensadores, como formadores de opinião e como cidadãos respeitáveis.
Neste caso ninguém tem o Monopólio do saber. O que não podemos deixar de saber é que há muitos outros lados da questão que não podem ser esquecidos ou que podem ser tratados em outros parâmetros e com outros paradigmas.
A Língua falada por um povo, devidamente normatizada, passa pelos modelos linguísticos, mas vai muito mais além, entrando nas questões de Política da Língua, tornando-a uma das forças matriciais da unidade e da soberania nacional.
Querer expor ideias esdrúxulas, de alguns dos autores citados na bibliografia, como se fossem a última palavra, seria, efetivamente, uma tragédia cultural. Pois foi nessa canoa furada que o MEC embarcou, ingenuamente (?!), cometendo um dos piores erros do MEC dos últimos tempos. Um erro primário, ofensivo a tantos pensadores, também linguistas e de outras esferas do conhecimento, que trataram este assunto com a maior seriedade e respeito. Voltarei ao assunto em breve. Aguarde.
[Nota: Este texto é um comentário a um artigo publicado no site http://casaagostinhodasilva.org ]
2 comentários:
É preciso alargar, de fato, as questões e deturpações às questões referentes à linguística e às posições assumidas pelos linguistas que, afoitos à modernidade, podem pôr a perder, e por baixo, a língua portuguesa: seus usos, normas e roupagem. (Ler texto de Paulo Pereira publicado nesse mesmo site).
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